É muita saudade!
Por Edmundo Macedo Festa das moças: noite de festa. No salão do prédio da Prefeitura, os aplausos acompanhados de foguetes empinados pelo fogueteiro, Manoel Felix, eram ouvidos, também, pelas estrelas do céu serrano. A orquestra faz a abertura do baile em grande estilo, tocando a Valsa dos Namorados, Murmúrios pelo salão para os dançarinos apoiados uns aos outros num comovido e íntimo galanteio. Pausa para chamar o garçom e pedir vinho, uísque, refrigerante e tira-gosto. Quem quisesse uma cachacinha, ia até a um mini bar atrás da orquestra e solicitava bem manhoso: “Bota uma talagada da amarelinha do cajueiro! Te pago amanhã!” Reinício da festa: um bolero com música romântica: “Que queres tu de mim?” Com este som e letra que parecia vir de outra galáxia, os cochichos nos ouvidos nos ouvidos das moças era o primeiro tempero do amor. O bolero continuava e os dançarinos criavam mil passo em uma cortesia invejável. Ali estavam jovens e rapazes dignos e sonhadores, entre eles: Domício Pereira, José Ubaldo, Rossini Cunha, José Furtado, Versiani Holanda, Hudson Vasconcelos, João Ribeiro Lima, Oscar, Nabuco, Manoel Miranda Filho, Manduca, Antônio Miranda, José Grijalva, Tico (Pavuna), Alcides, Zequinha, Zé Gilberto, José Augusto, Bolívar, Vitaliano, Afonso, Ivan, Modesto, Eurípedes, Raimundo Ferreira Costa, Gonzaga Cunha, Almir Salmito, Lincoln Vasconcelos, José Cunha, Humberto, Zé Gilberto, José Augusto, Djalma Lima, Quincas, Berilo Jordão, Vilani, Oneide, Iná Miranda, Isonete, Sulamita, Zeli, Francion, Expedita, Valderez, Ceci, Morenita, Maria Alair, Branca, Sensatinha, Margarida Holanda, Raimundinha Ferreira, Socorro Portela, Noemi, Elita Clemente, Vanda, Alice, Graziela, Lucivalda, Leda, Isa, Maria Anita, Glica, Laís, Zeli, Adelita Vasconcelos, Elizabeth, Maria de Lourdes Cunha, Íris, Maria Antonieta, Orquideia, Didi Gomes, Maria Helena, Erivalda, Éster, Fransquinha… e tantas outras criaturas que fizeram de Ubajara a mais emotiva cidade do planalto da Ibiapaba.
Ubajara, símbolo da Ibiapaba
Por Henrique Moreira Ubajara, símbolo da Ibiapaba Gleba abençoada de beleza rara Fora outrora da intrépida nação Tabajara Urbe de remotas épocas Onde os índios faziam ocas. Torrão de selvagens belicosos Íncolas de atos majestosos Pois cuidavam bem da natureza E com fascínio exaltavam sua beleza. À flor d’alma com magnanimidade Ao berço de nossa nacionalidade És um solene botão dadivado Pelo sublime canto agraciado. À Pátria indígena onde as paixões Verte-se tão épica nos corações Dos seus primeiros filhos insignes Os fortes e briosos aborígenes. Egrégios morubixabas Senhores das tabas Temidos por sua denodez plana Dominavam a serra ibiapabana. Jurupariguaçu, o feroz diabo grande Chefe, cujo brio expande Mel Redondo, o indômito Irapuã Todos só temiam a Tupã. Os autóctones por suas tradições São perenes inspirações Há de frisar-se entre as tais As pinturas corporais. Os guerreiros com seus acangatares Feitos das plumas e pomares Eram reverenciados por varão Pois os adornos simbolizavam sua nação. A pocema que era grito de guerra Que pelos abruptos talhados da Serra Ecoava além dos vales e montanhas Resplandecia às lutas heroicas de sanhas. Foi na bela Gruta mil vezes já decantada Por sua esplêndida beleza abençoada Que vivera o indígena – Ubajara Filho da bélica nação Tabajara. Libérrimo ele vogava com galhardia Á flor d’água e à luz do dia Pelos rios de águas cristalinas e puras Onde a vida da natureza fulgura. Fora este cacique que amava sua terra Que dera origem à urbe da Serra Berço de paz e beleza rara Salve, oh belíssima cidade de Ubajara.