A importância da pesquisa histórica

Pesquisa Histórica, artigo de Teresinha Moura para a revista da Academia Ubajarense de Letras e Artes

Por Teresinha Moura A História não é apenas uma disciplina do currículo escolar, não é apenas mais uma “matéria”, a História é a essência da matéria. Não se trata apenas de fatos ou acontecimento que devem ser recontados ou narrados de forma repetitiva. Faz-se necessário uma inovação a cada leitura realizada, os acontecimentos devem ser recontados de vários ângulos para privilegiar a sensações do leitor. De certa forma, podemos dizer que a História está sendo recontada de forma verdadeira, somente agora. Atualmente há uma metodologia nova voltada para uma análise mais complexa de dados históricos, com o intuito de descobrir quais foram os verdadeiros papéis e seus verdadeiros “atores”. A influência da sociedade dominante de cada civilização sempre foi o pilar da escrita histórica, trazendo sempre sua participação como principal e detentora da verdade. Infelizmente alguns fatos foram distorcidos e começaram a ser descobertos e reescritos dando ênfase às mudanças sociais ocorridas em virtude destes. E no Brasil não foi diferente, nossa história foi escrita seguindo os acontecimentos políticos e seguindo como história verdadeira, aquela de outras civilizações. Somente após o período colonial, com a Proclamação da República, os fatos começam a ser narrados um pouco mais dentro de nosso contexto e desde o século XIX, a função do ensino de história era preparar os nobres para exercer o poder e o direcionamento do comportamento social. Dotados de um conhecimento que apenas servia de suporte para a aparência, alguns nobres usavam este conhecimento para pregar ideais de democracia. O ideário da escola nova, na década de 1920, levantou algumas discussões sobre ensinar história criticando a seleção de conteúdos políticos, sua abordagem cronológica, a ênfase no ensino do passado e a relação entre o nacionalismo e militarismo. Todavia, não houve grande colaboração para mudanças, pois, as propostas recaíram “na memorização excessiva, na passividade do aluno na decoração, na periodização política, na abordagem factual, etc.” (NADAI 1993, p.153). As metodologias de organização dos conteúdos no livro didático de história sempre seguiram padrões ditados pela sociedade que vivia em sua respectiva época, refletindo assim, seus ideais e suas preferências. Sendo assim, o ensino tornou-se mecânico e repetitivo. O resultante dessa abordagem reproduzida há décadas nos programas de história foi à construção de algumas abstrações, cujo objetivo tem sido realçar, mais uma vez, um país irreal, mascarando as desigualdades sociais, a dominação oligárquica e a ausência da democracia social. (NADAI, 1993, p.150). A realidade do ensino de História é que esta foi moldada por camadas dominantes da sociedade. E com o apoio de seus governos a História teve seu curso alterado nos livros para favorecer o direcionamento do conhecimento, privilegiando apenas ideias que ressaltavam feitos e acontecimentos referentes a esta sociedade. Ainda é possível fazermos, atualmente um paralelo com o período colonial. Vivemos em um Brasil que ainda tem traços de uma cultura dominante que tenta trazer às camadas mais baixas da sociedade um conhecimento mecanizado tirando a oportunidade de acesso a materiais mais bem elaborados que valorizam a pesquisa e o debate. Atualmente é o que mais tem faltado para melhorar a qualidade do ensino de História; além de metodologias diferenciadas, a questão dos recursos também exerce uma influência muito grande nos resultados que devemos alcançar. Não é suficiente que os alunos assimilem os conteúdos históricos apenas para obter a chance de ir para outro ano de estudo, não é somente decorar trecho mais importantes de nossa História, mas interpretá-la de forma contextualizada para que os conhecimentos permaneçam para toda a vida com esses alunos. Infelizmente sabemos que a maioria de nossos alunos não dispõe e não terão muito em breve a sua disposição, recursos didáticos mais lúdicos. O preço por este acesso é altíssimo para algumas camadas sociais. Há pouco tempo apenas, o homem tomou consciência da importância da pesquisa histórica verdadeira. A humanidade percebeu que somente através da História podemos refletir sobre nossas ações e nos prepararmos para o futuro. Sobre isto, Rudimar, (2007), comenta que o professor de História quando planeja suas aulas aparecem subjacentes ao seu trabalho, teorias da historiografia. Essas teorias podem ser percebidas na ação docente que leva o professor a produzir uma aula de história centrada na narração de fatos, na crítica social ou na reflexão dos conflitos de classes. A partir desse reconhecimento, identificam-se modelos diferenciados que vão do positivismo à tendência da Nova História, que contemporaneamente acaba por combinar vários modelos de interpretação. Mesmo percebendo a discussão polêmica que cerca esse assunto, inclusive a utilização do próprio termo paradigma para o campo das ciências sociais, acreditamos que esses modelos existem, coexistem e influenciam de formas diferenciadas as práticas didático-pedagógicas no ensino de História. O ensino de História requer contextualização para obter resultados favoráveis a assimilação e compreensão dos conteúdos estudados. Para entender o processo de construção da História, o aluno precisa primeiramente entender os motivos da necessidade de estudá-la. Não é apenas uma reprodução dos conteúdos e uma imitação da cultura deixada por outras nações. De acordo com Bittencourt, podemos perceber que o ensino de História, embora seja alvo das preocupações de muitos daqueles envolvidos com sua prática nas escolas, ainda necessita do trabalho de aproximação com a realidade do aluno. É evidente que o professor precisa conhecer os conteúdos que tem por objetivo ensinar. Mas deve haver uma análise do espaço do aluno, para saber que conhecimentos ele detém e como ele entende a disciplina que será trabalhada. Para que os professores possam repassar os conteúdos e ensinar melhor os seus alunos é preciso ter consciência de que a apropriação dos conteúdos pelos alunos é um processo de criação e recriação. Acredita-se que cabe ao professor de História, buscar as alternativas para o trabalho com os alunos de forma que direcione os avanços na construção dos conhecimentos de História. Como cita Bittencourt, (1990): “É necessário, portanto que o ensino de História seja revalorizado e que os professores dessa disciplina conscientizem-se de sua responsabilidade social perante os alunos, preocupando-se em ajudá-los a compreender e melhorar o mundo em que vivem.” Elaborar e executar