Academia Ubajarense empossa nova diretoria

posse da nova diretoria da Academia Ubajarense de Letras e Artes

Por Monique Gomes Ubajara. A Academia Ubajarense de Letras e Artes (AULA) realizou, no último dia 22 de janeiro de 2025, a cerimônia de posse da nova diretoria no Auditório José Parente da Costa, na Câmara de Vereadores. O evento reuniu autoridades, acadêmicos e convidados em uma noite marcada por homenagens e reforço do compromisso da instituição com a valorização da cultura local. A AULA, fundada em 16 de dezembro de 2023, tem como missão preservar, incentivar e promover as letras e as artes, honrando os valores culturais e históricos do município. Sua criação representa a concretização de um sonho inicialmente idealizado por Monsenhor Francisco Tarcísio Melo (in memoriam), pioneiro na visão de uma instituição dedicada à cultura. Agradecimento do ex-presidente Francisco Jácome, ex-presidente da AULA, expressou sua gratidão pelo período à frente da instituição e destacou as conquistas alcançadas: “Sou grato por terem me aceitado como presidente e como membro da Academia. Grato por terem me ajudado a dar vida à AULA, por ela existir e estar dando seus pequenos passos. Grato por realizarmos um sonho de muitos que não conseguiram, por termos adquirido um terreno para a construção da nossa sede e criado um site próprio para divulgar nossos feitos.” Presença de autoridades e entrega de comendas A solenidade contou com a presença de diversas autoridades locais, incluindo o prefeito de Ubajara, Adécio Muniz; o vice-prefeito José Roberto; o presidente da Câmara de Vereadores, Emílio Silva; Maiza Araújo, assistente da juíza da comarca; Dr. Maxwel França, promotor de justiça; Frank Castro, representante da arte ubajarense; Jamile Góes, secretária de Cultura; Lione Silva, secretário de Educação; Padre Carlos Alberto; Pastor José William; Dr. Mário de Oliveira, diretor do IFCE; e Ulisses Pereira, representante da Maçonaria. Durante a cerimônia, o novo presidente da AULA, Nicollas Aguiar, realizou a entrega de comendas a personalidades que se destacaram por sua contribuição à cultura e ao desenvolvimento da Academia. Os homenageados foram: José Maria Fernandes – representado por Dr. Pedro Henrique; Dra. Maria Graciema Fernandes Siqueira, Francisco Jácome Sobrinho e Joaquim Aristides Neto. Discurso do novo presidente Em seu discurso de posse, Nicollas Aguiar prestou uma homenagem a Fernando Tadeu, figura importante da história de Ubajara, falecido recentemente. O presidente ressaltou a importância da preservação da memória histórica do município: “Quando um idoso falece, é uma biblioteca que se incendeia, como diz o ditado. Quantos idosos faleceram e quantas bibliotecas já foram incendiadas? Temos que fazer uma busca ativa. Será que os alunos sabem da importância do Pedro Ferreira de Assis ou do Padre Monsenhor Tarcísio? A história de um povo é muito importante.” Além disso, o acadêmico Ronildo destacou o lançamento do site oficial da AULA, um novo canal para divulgar as ações da instituição e manter viva a história de Ubajara. A posse da nova diretoria da Academia reafirma o compromisso do grupo com a cultura local e o fortalecimento das letras e das artes, garantindo que a tradição literária e artística de Ubajara continue a ser preservada e incentivada para as futuras gerações. Membros da nova diretoria Presidente: Nicollas PereiraVice-presidente: Luciano Jácome de Melo;Secretário: Ronildo Nascimento da Silva;Tesoureira: Teresinha Araújo Moura;Diretora de Publicações e Comunicações: Monique GomesConselho Fiscal: Joaquim Aristides Neto, Clara Lêda de Andrade e Werllem Fontenele.

Empresas são homenageadas por 50 anos de atuação

CDL Ibiapaba homenageia ubajarenses

Por Monique Gomes Na noite de 27 de dezembro de 2024, o Hotel Fazenda Engenho Velho, em Ubajara-CE, recebeu os associados da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) da Ibiapaba para uma confraternização. O evento celebrou a trajetória de duas empresas que completaram 50 anos de história e dedicação à região, homenageadas com a Moção de Aplauso, comenda concedida pelo sistema CNDL para reconhecer a relevância de serviços prestados à comunidade. Os agraciados da noite foram a Odonto Viana, representada pelo Dr. Antônio Viana Vasconcelos, e a empresa Irmãos Pereira e Cia Ltda. Durante a cerimônia, depoimentos e históricos das duas instituições emocionaram o público presente, reforçando a importância de suas contribuições para o desenvolvimento local. Dr. Antônio Viana Vasconcelos, natural de Sobral e filho de Moisés Cavalcante Vasconcelos e Francisca Giomar Vasconcelos, formou-se em Odontologia em 1974. Um dos pioneiros da área na Serra da Ibiapaba, construiu uma carreira marcada pelo comprometimento e pela qualidade no atendimento, consolidando um legado de excelência ao longo de cinco décadas. Já a Irmãos Pereira e Cia Ltda foi fundada em 23 de junho de 1973 por Domício Pereira, que iniciou a empresa com uma pequena criação de aves. Com o passar dos anos, a produção cresceu, acompanhando a demanda do mercado. Hoje, a empresa se destaca como a terceira maior do setor avícola no estado do Ceará, empregando cerca de 200 colaboradores diretos e 30 indiretos. Durante o evento, também foram lembrados nomes importantes na trajetória da empresa, como Fernando Sérgio Costa e Sávio Pereira de Sousa. A confraternização contou com a presença de representantes de diversas entidades parceiras, como Banco do Nordeste (BNB), Banco do Brasil (BB), Academia Ubajarense de Letras e Artes e Maçonaria. Durante a solenidade, foi destacado o trabalho da FCDL-CE e da CDL Ibiapaba por meio do programa Jornada da Integração, que visa facilitar o acesso ao crédito para o desenvolvimento das empresas da região. Ao final da noite, os organizadores reforçaram os votos de um ano novo próspero, repleto de saúde e paz para todos os presentes e para a comunidade da Ibiapaba.

Quarta edição do Piquenique Literário é realizada

Piquenique Literário Ubajara Academia Ubajarense de Letras e Artes

Por Monique Gomes Praça do Índio, no Bairro Domício Pereira, foi palco para a quarta edição do Piquenique Literário na tarde do dia 18 de janeiro de 2025. O Piquenique Literário é um projeto de fomento à leitura promovido pela Associação para o Entretenimento Comunitário – ASSECOM em parceria com a ONG Geloteca, Associação do Bairro Domício Pereira, Associação Morcegos em Ação, Baú de Leitura da Vó Bia e agente de Saúde Hosana. Além de leituras individuais e coletivas, as crianças participaram de brincadeiras, como: Caça ao Tesouro, jogos de xadrez e outras, como a atividade desenvolvida por Isadora Melo, “Alô, Comadre!”. A proposta é fazer com que duas crianças leiam uma para outra por meio de aparelhos telefônicos. O projeto é idealizado por Ronildo Nascimento. “A Arca das Letras está cadastrada como Biblioteca Comunitária junto a BC – Biblioteca Central do Estado do Ceará e frequentemente recebe livros para renovar e reforçar o acervo”, informou Ronildo. Incentivar o hábito da leitura desde a infância é fundamental para o desenvolvimento cognitivo, social e emocional. Afinal, é por meio da leitura que as crianças expandem o vocabulário, aprimoram a compreensão textual, desenvolvem a criatividade e a imaginação, além de fortalecerem os laços sociais ao compartilharem histórias e experiências. O Piquenique Literário se consolida como um importante espaço de aprendizado e lazer, proporcionando momentos mágicos de contato com o universo dos livros. “No mês de Julho nós faremos uma nova edição. aguardem” – informou Ronildo, membro da ASSECOM e acadêmico na Academia Ubajarense de Letras e Artes. Todos os participantes receberam uma fitinha branca em alusão ao Janeiro Branco, mês de conscientização sobre a importância da saúde mental. No encerramento, cada criança levou um livro de sua escolha para ler em casa. O evento contou com a participação de Patrícia Xavier, Presidente da Associação Comunitária do Bairro Domício Pereira; Wescley Anderson, presidente da ASSECOM; Carlito e Fátima Nascimento, presidente da Associação Morcegos; Antônio Maria, Rosa, Soraia e acadêmicos: Ronildo Nascimento, Teresinha Moura, Nicolas Aguiar, Werllen Fontenele e Monique Gomes.

A Estrela do Sábio

Artigo de Melissa Vasconcelos para a Academia Ubajarense de Letras e Artes

Por Melissa Vasconcelos O sábio não se vangloria por sua luz, nem se lastima ao se ofuscar, Pois sabes bem que nem tudo que reluz é ouro, E nem tudo que é ofuscado apresenta perda de valor. O sábio nunca se diz feito, Mas sempre se debruça aos dias Para se intensificar, mesmo perante o mal-feito. O sábio cai, mas não desiste. O sábio sabe que não é sábio: Pois a sabedoria plena é a virtude dos ignorantes. Toda estrela, para ser estrela, precisa de energia para brilhar. O sábio que estagna por se considerar sábio há, em sua grandeza, de cair. Contudo, aquele que, em sua pequenez, não se aprumar, Aquele que, em sua fraqueza, não se deixar morrer, Saberá da grandeza da estrela-aprendiz. Todo ignorante é um sábio, e nem todo sábio conhece a estima da ignorância. Mas todo ignorante conhece a estrela da sabedoria. A ignorância é a bússola do nascimento estelar: Para cada estrela, há o dia da junção e o dia do esgotamento. O tempo de vida de uma estrela depende de sua massa, E a extensão dessa massa ocorre com a liberação de luz e de calor. Como toda a luz, temos nossa energia visível. Ah! Expansiva e brilhante luz, que de longe se observa. Dos altos dos morros aos solos do sertão, A luz, quando brilha, nunca mais se faz esquecida. E, por não ser esquecida, nunca mais se faz só. Porém, assim como um filho precisa de sua mãe,A luz necessita de energia para que seja a luz Dos inícios, dos meios e dos fins. A luz é a estrela-guia da sabedoria. A sabedoria é o combustível do conhecimento. O conhecimento é a energia do sábio que desabrocha para brilhar. A estrela do sábio nunca morre: Incendeia em seu atrito com o ar.

A importância da pesquisa histórica

Pesquisa Histórica, artigo de Teresinha Moura para a revista da Academia Ubajarense de Letras e Artes

Por Teresinha Moura A História não é apenas uma disciplina do currículo escolar, não é apenas mais uma “matéria”, a História é a essência da matéria. Não se trata apenas de fatos ou acontecimento que devem ser recontados ou narrados de forma repetitiva. Faz-se necessário uma inovação a cada leitura realizada, os acontecimentos devem ser recontados de vários ângulos para privilegiar a sensações do leitor. De certa forma, podemos dizer que a História está sendo recontada de forma verdadeira, somente agora. Atualmente há uma metodologia nova voltada para uma análise mais complexa de dados históricos, com o intuito de descobrir quais foram os verdadeiros papéis e seus verdadeiros “atores”. A influência da sociedade dominante de cada civilização sempre foi o pilar da escrita histórica, trazendo sempre sua participação como principal e detentora da verdade. Infelizmente alguns fatos foram distorcidos e começaram a ser descobertos e reescritos dando ênfase às mudanças sociais ocorridas em virtude destes. E no Brasil não foi diferente, nossa história foi escrita seguindo os acontecimentos políticos e seguindo como história verdadeira, aquela de outras civilizações. Somente após o período colonial, com a Proclamação da República, os fatos começam a ser narrados um pouco mais dentro de nosso contexto e desde o século XIX, a função do ensino de história era preparar os nobres para exercer o poder e o direcionamento do comportamento social. Dotados de um conhecimento que apenas servia de suporte para a aparência, alguns nobres usavam este conhecimento para pregar ideais de democracia. O ideário da escola nova, na década de 1920, levantou algumas discussões sobre ensinar história criticando a seleção de conteúdos políticos, sua abordagem cronológica, a ênfase no ensino do passado e a relação entre o nacionalismo e militarismo. Todavia, não houve grande colaboração para mudanças, pois, as propostas recaíram “na memorização excessiva, na passividade do aluno na decoração, na periodização política, na abordagem factual, etc.” (NADAI 1993, p.153). As metodologias de organização dos conteúdos no livro didático de história sempre seguiram padrões ditados pela sociedade que vivia em sua respectiva época, refletindo assim, seus ideais e suas preferências. Sendo assim, o ensino tornou-se mecânico e repetitivo. O resultante dessa abordagem reproduzida há décadas nos programas de história foi à construção de algumas abstrações, cujo objetivo tem sido realçar, mais uma vez, um país irreal, mascarando as desigualdades sociais, a dominação oligárquica e a ausência da democracia social. (NADAI, 1993, p.150). A realidade do ensino de História é que esta foi moldada por camadas dominantes da sociedade. E com o apoio de seus governos a História teve seu curso alterado nos livros para favorecer o direcionamento do conhecimento, privilegiando apenas ideias que ressaltavam feitos e acontecimentos referentes a esta sociedade. Ainda é possível fazermos, atualmente um paralelo com o período colonial. Vivemos em um Brasil que ainda tem traços de uma cultura dominante que tenta trazer às camadas mais baixas da sociedade um conhecimento mecanizado tirando a oportunidade de acesso a materiais mais bem elaborados que valorizam a pesquisa e o debate. Atualmente é o que mais tem faltado para melhorar a qualidade do ensino de História; além de metodologias diferenciadas, a questão dos recursos também exerce uma influência muito grande nos resultados que devemos alcançar. Não é suficiente que os alunos assimilem os conteúdos históricos apenas para obter a chance de ir para outro ano de estudo, não é somente decorar trecho mais importantes de nossa História, mas interpretá-la de forma contextualizada para que os conhecimentos permaneçam para toda a vida com esses alunos. Infelizmente sabemos que a maioria de nossos alunos não dispõe e não terão muito em breve a sua disposição, recursos didáticos mais lúdicos. O preço por este acesso é altíssimo para algumas camadas sociais. Há pouco tempo apenas, o homem tomou consciência da importância da pesquisa histórica verdadeira. A humanidade percebeu que somente através da História podemos refletir sobre nossas ações e nos prepararmos para o futuro. Sobre isto, Rudimar, (2007), comenta que o professor de História quando planeja suas aulas aparecem subjacentes ao seu trabalho, teorias da historiografia. Essas teorias podem ser percebidas na ação docente que leva o professor a produzir uma aula de história centrada na narração de fatos, na crítica social ou na reflexão dos conflitos de classes. A partir desse reconhecimento, identificam-se modelos diferenciados que vão do positivismo à tendência da Nova História, que contemporaneamente acaba por combinar vários modelos de interpretação. Mesmo percebendo a discussão polêmica que cerca esse assunto, inclusive a utilização do próprio termo paradigma para o campo das ciências sociais, acreditamos que esses modelos existem, coexistem e influenciam de formas diferenciadas as práticas didático-pedagógicas no ensino de História. O ensino de História requer contextualização para obter resultados favoráveis a assimilação e compreensão dos conteúdos estudados. Para entender o processo de construção da História, o aluno precisa primeiramente entender os motivos da necessidade de estudá-la. Não é apenas uma reprodução dos conteúdos e uma imitação da cultura deixada por outras nações. De acordo com Bittencourt, podemos perceber que o ensino de História, embora seja alvo das preocupações de muitos daqueles envolvidos com sua prática nas escolas, ainda necessita do trabalho de aproximação com a realidade do aluno. É evidente que o professor precisa conhecer os conteúdos que tem por objetivo ensinar. Mas deve haver uma análise do espaço do aluno, para saber que conhecimentos ele detém e como ele entende a disciplina que será trabalhada. Para que os professores possam repassar os conteúdos e ensinar melhor os seus alunos é preciso ter consciência de que a apropriação dos conteúdos pelos alunos é um processo de criação e recriação. Acredita-se que cabe ao professor de História, buscar as alternativas para o trabalho com os alunos de forma que direcione os avanços na construção dos conhecimentos de História. Como cita Bittencourt, (1990): “É necessário, portanto que o ensino de História seja revalorizado e que os professores dessa disciplina conscientizem-se de sua responsabilidade social perante os alunos, preocupando-se em ajudá-los a compreender e melhorar o mundo em que vivem.” Elaborar e executar

A Cegueira Humana

A cegueira humana, artigo de Manoel Miranda

Por Manoel Miranda O texto a seguir foi escrito em 1915 por Manoel Miranda e é apresentado em sua redação original, sem alterações em sua linguagem, estilo ou ortografia. Essa escolha visa preservar as tradições históricas e literárias da obra, refletindo o contexto e a forma de expressão da época. Paira agora sobre a humanidade uma como a maldição que a infelicita e endoidece. Parece que dos vastos páramos de ignoto se desencadeou nestes dias contra o terráqueo orbe um furacão violento e pestífero que o convulsiona e abala até os mais sólidos fundamentos. A sociedade que, segundo o mais espontâneio vate da raça latina, Guerra Junqueiro, parece sofrer de escruphulas, hoje nos paroxismos de uma agonia enorme, commete loucuras e insânias não vistas, emquanto ao de cima, do comoro verdejante da Idéa nova, o philosopho-a sciencia objectivada, estuda-a e analysa-a serenamente, inda que por vezes cruze os braços desalentado; constrangido pela impossibilidade de superar as desgraças tamanhas. Elle vê a humanidade na marcha acelerada para a ruína completa e conhece as causas essenciais das mazellas que afligem, mas infelizmente não acha meios de afastá-la do negro precipício. Sente-a submergir-se pouco a pouco no pavoroso inarnel do nirvana silencioso, e não póde estender-lhe a mão protetora que a impeça de cahir nem dar-lhe o apoio que a restituia ao coruscante sol do progresso e da paz mundial, ao sansara do trabalho que constitue a existência terrena. Evoca então reminiscências pagãs, quando não havia de artificial mais que a tosca pedra mal lavrada como auxiliar do homem rudimentário, mas reinava a harmonia geral e a concórdia não tinha soluções de continuidade naquelas boas e primitivas gentes pharaonicas. Remonta a esses dias obscuros do passado longinquo, quando a annosa arvore da civilização não chegara ainda a cobrir com a sua ramalhuda e farfalhante fronde magestosa as terras todas do Oriente e Ociente, e os homens lhe não buscavam a sombra deliciosamente confortável mas perigosamente intoxicadora. Vê, in mente, o seu desenvolvimento agigantado, acompanha-lhe o desdobramento do caule augusto, o renovamento das suas células vibratis, a coloração de sua folhagem imponentíssima, a opima frutificação de sua floração rescendente e multicor. Vê o cuidado do homem, no evoluir das idades, festejando-a e regando-o com carinhoso afecto, a cada fruto sazonado entoando hymnario apotheótico. E mais tarde doces pomos que abundaram e que eram as admiráveis combinações da dhímica, as invenções assombradoras, a aplicação da eletricidade, o telégrafo, a Imprensa, o phonografo, e mais o cinema e o balão e ainda mais o radio, e os homens a se vangloriarem e se embevecerem no saborear de tão doces maçãs, olvidando a família e olvidando o amor, esquecidos de Deus e do futuro… Porém, o institucionalismo de que se cercaram, necessários à índole impetuosa dos avoengos remotos, prende-os por fim ferreamente nos grilhões dos preconceitos fúteis, e mais os aperta na engranagem complicada que o oleo dos paragraphos lubrifica constante. Neste circulo atróz que os não deixa moverem-se e coareta-lhes toda a liberdade de agir e raciocinar, têm os homens até dificuldades de respirar o por um hausto refrigerante de oxygenio vital degladiam-se e esphacelam-se em pugilatos tremendos, de todos os dias e de todos os instantes, no recesso do lar e na vastidão da praça pública, na aldeia mais pacata e na capital mais populosa. Por um sopro deste ar que é o metal sonante que lhes proporciona ephemeros prazeres e mesquinhas honrarias, viu o pensador dividirem-se os homens em facções distintas e os viu abrirem a luta que não mais terminou. A arena onde se batem os gladiadores como feras na disputa da presa sangrenta, veiu de chamar-se política. De um lado e de outro, as hostes aguerridas e reciprocamente, mortalmente odiadas. A vasta família humana separada em dois partidos inimigos, entre os quais a barreira da diciplina se interpõe, se avoluma imensa, altiva parecendo dizer. Parae. Cada grupo reze com fervor o seu credo e a sua ladainha com muito mais fé do que se reza agora o Pater Noster do meigo Nazareno. A imprensa, que foi o factor máximo do progresso e da instrução dos povos, desvirtuada nos seus fions, prostituída, às vezes, é a trompa altisonante que apregoa as cirtudes e as sudidades de ambas as aglomerações contendoras na razão directa do quadrato dos interesses alimentários e na inversa do mal que se deseja fazer. Do alto da sua turris ebúrnea, onde se isolara com os raros reis adoradores da Arte, o pensador vê tudo isto com o coração contristado e lágrimas nos olhos. Chora por verificar o seu esforço perdido, nancia heroica e philantrophica de apaziguar os homens desvairados. Ante o estadio exauthematico agudo desta phase dolorosa de irritação extrema por que passa o organismo social entumecido da purulência das paixões descomedidas, utilisar-se não pôde o desgraçado asceta do linimento da Idéa. De lá vê elle o desfilar em baixo desse cortejo espetaculoso de tyranos e chefetes imbuídos das mesmas velleidades do mando e invulnerabilidade de Achilles. O tyrano, do seu solio aurilavrado acenando às turbas escravisadas; o chefete, ignorante e fátuo, de sobrecenho terrososo, no seu rossinante escanifrado, com um largo gesto de D. Quixote maluco, conduzindo o eleitorado inconsciente pelas veredas do crime e do deboche, ao toque mágico de varinha de Panurgio. Em sua imaginação exercitada de psycologo, como em chassi de fidelíssima Kodac, gravam-se indelevelmente todas as cenas das miserias humanas, e lá se ficam numa galeria obumbrada que ele contempla a todo instante entrestecido. Mas não desanima o visionário do Bem, o utopista da Paz, o doutrinador secular; a cada esforço perdido em prol da unificação das raças e do extermínio dos falsos, loucos, pueris preconceitos sociaes, mergulha os dedos descarnados nas mellenas grisalhas e aperta a fronte nas mãos murmurando consigo que nem tudo está perdido ainda. Elle sonha com um dia venturoso em que, da amalgama de philosophias que há semeado evanescente, uma só, forte eterna, verdadeira e pura, surgirá a grande doutrina do Porvir bendita. Sonha… E o propagador dessa doutrina

Grande Sertão Veredas vira filme

Grande Sertão Veredas, artigo de Monique Gomes para a revista da Academia Ubajarense de Letras e Artes

Por Monique Gomes Sabe quando você lê um livro tão bom que, depois de passar um marca-texto nas frases mais importantes, percebe que está pintando praticamente a folha toda de amarelo? Ou, no livro digital, fica selecionando quase o texto completo, de tão bom que ele é? O filme brasileiro Grande Sertão (2024), disponível no catálogo da GloboPlay, causa essa mesma sensação, embora a gente saiba que é inútil passar um marca-texto na tela da TV. Tudo porque a obra é uma adaptação de Guimarães Rosa. A história traz a complexidade da narrativa de 1956, transpondo a violência do sertão para a realidade de uma favela urbana. Essa releitura, ao mesmo tempo moderna e fiel ao espírito de Guimarães Rosa, torna o clássico acessível a novos públicos. Riobaldo (Caio Blat) é um professor de escola pública que está no meio de um conflito violento entre facções e a polícia. A guerra não é apenas física, mas também filosófica, pessoal e emocional, uma vez que ele se apaixona perdidamente por quem ele acredita que é um homem. O relacionamento entre Riobaldo e Diadorim (Luisa Arraes) é marcado por sentimentos contraditórios e uma lealdade inquebrantável que revela as complexidades das relações humanas, a busca pela identidade e a dificuldade de aceitar as próprias emoções. Diadorim, que se disfarça de homem para poder participar da guerra, representa o desafio da luta pela autenticidade em um mundo de imposições. O filme explora a tensão e o conflito psicológico entre os dois, trazendo questões existenciais que permeiam a obra de Rosa. Além disso, o filme também apresenta personagens como Joca Ramiro (Rodrigo Lombardi), líder de uma facção, e Zé Bebelo (Luís Miranda), que refletem diferentes aspectos da luta pelo poder. Hermogénes (Eduardo Sterblitch), por outro lado, personifica as forças malignas da história, oferecendo uma representação simbólica das trevas que rondam a vida no sertão e na periferia. É uma experiência cinematográfica única, que não só homenageia a obra de Guimarães Rosa, mas também a recontextualiza, fazendo-a falar sobre questões ainda muito presentes na sociedade brasileira. Se você busca um filme que desafie suas concepções sobre amor, lealdade e identidade, assista a Grande Sertão na GloboPlay.

Academia organiza nova eleição

Acadêmicos se reúnem para organizar a nova eleição da Academia Ubajarense de Letras e Artes

Por Monique Gomes Membros da Academia Ubajarense de Letras e Artes se reuniram na tarde de domingo, 24 de Novembro de 2024, para a tradicional reunião mensal. O encontro foi oportuno para discutir as seguintes pautas: A eleição acontecerá no dia 16 de Dezembro de 2024, sendo que a apuração dos votos acontecerá no mesmo dia. Será considerado eleito o candidato que obtiver o maior número de votos do total dos sufrágios válidos e, em caso de empate, será eleito o mais idoso. De acordo com o edital de convocação, a posse dos acadêmicos eleitos acontecerá dentro de três meses, a contar da comunicação oficial da eleição em data acertada pela Academia – podendo ou não ser prorrogado por mais 30 dias. A nova diretoria tomará posse no dia 15 de Fevereiro de 2025. Ao final da reunião, todos os participantes foram pegos de surpresa com a declaração do empresário Joaquim Aristides que, tendo conhecimento que o grupo anseia por um espaço próprio, fez a doação de um terreno 10×30 para a construção da sede da Academia Ubajarense de Letras e Artes. Com os olhos lacrimejando de emoção e, ao mesmo tempo, com um ar brincalhão que lhe é peculiar, Joaquim decretou as condições ali mesmo: Cláusula primeira: Ele continua com o direito de levar uma cachacinha para as reuniões; Cláusula segunda: a construção da sede deve acontecer dentro de 2 anos, com prorrogação de mais dois, totalizando quatro anos. Cláusula terceira: No caso de a Academia ser extinta, o imóvel será doado para outra organização congênere. Diante da boa notícia, os membros da Academia ficaram extasiados, comemorando a nova conquista.

É muita saudade!

Saudade, artigo de Edmundo Macedo publicado na revista da Academia Ubajarense de Letras e Artes

Por Edmundo Macedo Festa das moças: noite de festa. No salão do prédio da Prefeitura, os aplausos acompanhados de foguetes empinados pelo fogueteiro, Manoel Felix, eram ouvidos, também, pelas estrelas do céu serrano. A orquestra faz a abertura do baile em grande estilo, tocando a Valsa dos Namorados, Murmúrios pelo salão para os dançarinos apoiados uns aos outros num comovido e íntimo galanteio. Pausa para chamar o garçom e pedir vinho, uísque, refrigerante e tira-gosto. Quem quisesse uma cachacinha, ia até a um mini bar atrás da orquestra e solicitava bem manhoso: “Bota uma talagada da amarelinha do cajueiro! Te pago amanhã!” Reinício da festa: um bolero com música romântica: “Que queres tu de mim?” Com este som e letra que parecia vir de outra galáxia, os cochichos nos ouvidos nos ouvidos das moças era o primeiro tempero do amor. O bolero continuava e os dançarinos criavam mil passo em uma cortesia invejável. Ali estavam jovens e rapazes dignos e sonhadores, entre eles: Domício Pereira, José Ubaldo, Rossini Cunha, José Furtado, Versiani Holanda, Hudson Vasconcelos, João Ribeiro Lima, Oscar, Nabuco, Manoel Miranda Filho, Manduca, Antônio Miranda, José Grijalva, Tico (Pavuna), Alcides, Zequinha, Zé Gilberto, José Augusto, Bolívar, Vitaliano, Afonso, Ivan, Modesto, Eurípedes, Raimundo Ferreira Costa, Gonzaga Cunha, Almir Salmito, Lincoln Vasconcelos, José Cunha, Humberto, Zé Gilberto, José Augusto, Djalma Lima, Quincas, Berilo Jordão, Vilani, Oneide, Iná Miranda, Isonete, Sulamita, Zeli, Francion, Expedita, Valderez, Ceci, Morenita, Maria Alair, Branca, Sensatinha, Margarida Holanda, Raimundinha Ferreira, Socorro Portela, Noemi, Elita Clemente, Vanda, Alice, Graziela, Lucivalda, Leda, Isa, Maria Anita, Glica, Laís, Zeli, Adelita Vasconcelos, Elizabeth, Maria de Lourdes Cunha, Íris, Maria Antonieta, Orquideia, Didi Gomes, Maria Helena, Erivalda, Éster, Fransquinha… e tantas outras criaturas que fizeram de Ubajara a mais emotiva cidade do planalto da Ibiapaba.

Ubajara, símbolo da Ibiapaba

Ibiapaba: poema de Henrique Moreira para a revista da Academia Ubajarense de Letras e Artes

Por Henrique Moreira Ubajara, símbolo da Ibiapaba Gleba abençoada de beleza rara Fora outrora da intrépida nação Tabajara Urbe de remotas épocas Onde os índios faziam ocas. Torrão de selvagens belicosos Íncolas de atos majestosos Pois cuidavam bem da natureza E com fascínio exaltavam sua beleza. À flor d’alma com magnanimidade Ao berço de nossa nacionalidade És um solene botão dadivado Pelo sublime canto agraciado. À Pátria indígena onde as paixões Verte-se tão épica nos corações Dos seus primeiros filhos insignes Os fortes e briosos aborígenes. Egrégios morubixabas Senhores das tabas Temidos por sua denodez plana Dominavam a serra ibiapabana. Jurupariguaçu, o feroz diabo grande Chefe, cujo brio expande Mel Redondo, o indômito Irapuã Todos só temiam a Tupã. Os autóctones por suas tradições São perenes inspirações Há de frisar-se entre as tais As pinturas corporais. Os guerreiros com seus acangatares Feitos das plumas e pomares Eram reverenciados por varão Pois os adornos simbolizavam sua nação. A pocema que era grito de guerra Que pelos abruptos talhados da Serra Ecoava além dos vales e montanhas Resplandecia às lutas heroicas de sanhas. Foi na bela Gruta mil vezes já decantada Por sua esplêndida beleza abençoada Que vivera o indígena – Ubajara Filho da bélica nação Tabajara. Libérrimo ele vogava com galhardia Á flor d’água e à luz do dia Pelos rios de águas cristalinas e puras Onde a vida da natureza fulgura. Fora este cacique que amava sua terra Que dera origem à urbe da Serra Berço de paz e beleza rara Salve, oh belíssima cidade de Ubajara.