Conheça a história do sítio Matriz
Casa com valor histórico.
ARTIGO
Teresinha Moura
3/9/20257 min read


O atual Município de Ubajara era habitado primitivamente pelos índios tabajaras. A primeira penetração foi feita por volta de 1604, por Pero Coelho de Souza, que tentou conquistar as terras férteis da serra de Ibiapaba.
Auxiliado pelos jesuítas Francisco Pinto e Luís Figueira, promoveu a pacificação dos índios e o desenvolvimento das aldeias que começavam a proliferar às margens do arroio Árabê. A obra dos jesuítas foi interrompida, no entanto, com o trucidamento do padre Francisco Pinto, pelos índios tocarijus, durante uma cerimônia religiosa, no dia 11 de janeiro de 1608, no local onde hoje se ergue a cidade de Ubajara.
Em 1877, acossadas pela seca e pela falta de viveres, as famílias de Bartolomeu Fernandes do Rego, Manuel Luis Pereira, Manuel Soares e Silva e Francisco Soares e Silva emigraram das zonas atingidas, instalando-se nos sítios Buriti, Pitanga e Pavuna. Quando a grande seca as atingiu, deslocaram-se para o lado sul de uma lagoa, denominada lagoa do jacaré, ali organizando um arruado que se chamou Jacaré, primitivo nome do Município. O núcleo foi se desenvolvendo, até que, em 1884, um incêndio o destruiu, obrigando os moradores a passarem para terras do lado oposto da lagoa.
Em poucos meses reconstruíram o povoado. Em 1886 foi erguida a capela em honra de São José, em terras doadas pelos beneméritos cidadãos José Rufino Pereira, José Lopes Freire e Joaquim Mulato, em 26 de Janeiro de 1883. A capela de São José foi sagrada no ano seguinte pelo primeiro vigário, Padre Manoel Lima de Araújo, da freguesia de São Pedro de Ibiapina, a cuja jurisdição pertenceu durante muitos anos. O distrito de paz foi criado em 1890, com a denominação de Vila de Jacaré.
Em 1915, por força da Lei 1.279, de 24 de Agosto, da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, conseguiu o Município autonomia administrativa, passando a denominar - se Ubajara.
Hoje, com a população em torno de 35 mil habitantes foi agraciada com uma Casa de Show de alto nível – Castelo Clube – que oferece estrutura para a execução dos mais diversos tipos de eventos, desde Feiras, Congressos, Workshops, Shows Culturais e Festas Sociais (Casamentos, Bodas, Debutantes, Aniversários, etc.).
Equipamento privado que veio enriquecer a infraestrutura de apoio ao desenvolvimento do turismo local e regional e ampliar e fortalecer o nosso calendário de eventos. Ubajara, que trabalha para consolidar os seus eventos tradicionais regionais como FEPAI – Feira de Produtos Artesanais e Industriais da Ibiapaba; a Exposição Agropecuária da Ibiapaba; Grandes Carnavais; Tradicional Reveillon, Festejo Junino; Paixão de Cristo; e a Semana do Município, além dos eventos esportivos e ligados à natureza, agora quer investir nos eventos de Congressos e Workshops.
História do Sítio Matriz
Sítio Matriz, sediado em Ubajara-CE, perfazendo uma área de 93he, sendo 55he de mata nativa, resquícios de Mata Atlântica, pertencente a família Aristides - homens e mulheres que estiveram a frente do seu tempo, sob a matrícula Nº 1617 de 21.05.17 do Cartório de Imóveis de Ubajara-CE - Nº na Receita Federal 5.126.861-2 e Nº no INCRA 147.060.003.395-6.
O casal Joaquim Aristides dos Santos e Maria Soares Santos tiveram 10 filhos, sendo 05 homens e 05 mulheres, conseguiu formar 02 deles, um em medicina e o outro em Engenharia Civil, os demais homens assumiram a gestão dos negócios da família – agropecuária, e as mulheres, como era peculiar à época, direcionaram-se para as atividades domésticas, apenas uma delas adentrou para a vida religiosa – Ir. Carlota atuando em Recife, mais precisamente no Hospital Português, onde coordenou o centro cirúrgico, daquele hospital, por vários anos.
Destaca-se especialmente o filho Valdemar Aristides dos Santos - que geriu os sítios situados na Serra, mais precisamente em Ubajara-CE e Francisco Aristides dos Santos - que geriu as fazendas situadas em Cariré e Tamboril, localizadas no semiárido cearense. Família regida por princípios éticos sólidos, pautada por uma amizade fraternal sem igual, mantiveram os bens em condomínio e todos se apoiavam na gestão, e todos participavam da lucratividade.
Registrou-se a participação especial do engenheiro/construtor Dr. Ariolino Aristides dos Santos e Dr. Pedro Osvaldo Aristides dos Santos – médico, como também de Raimundo Aristides dos Santos - o homem de frente dos serviços - o operacional. Um fato curioso desta prole de 10 filhos foi que apenas 03 casaram-se – Valdemar Aristides com a sobrinha Antônia Mourão Santos - Suraia, Dr. Ariolino Aristides dos Santos, com Suraia Caram, uma mineira com descendência árabe e Maria Santos Mourão com um agropecuarista político de Nova Russas Gonçalo de Aquino Mourão, os demais viveram na solteirice.
Fato curioso é o que não faltam nesta família, três deles – Seu Chico, Anízia e Abigail viveram mais de um século. Registra-se na 3ª geração a participação especial de Mouranízia Santos Mourão (Cariré) – a nossa tia Mourinha, que se dedicou especial aos ternos cuidados aos tios, e a gestão das fazendas do sertão, inovando no comércio, com a ajuda do seu sobrinho Joaquim Aristides Neto com as Lojas Caiçaras, em Cariré e Pacujá e em Ubajara com a Movelaria Popular.
Nos áureos tempos da década de 50, mais precisamente no apogeu das culturas da cana-de-açúcar e café havia no Sítio Matriz uma locomotiva ao vapor, que gerava energia para alimentar todo um complexo, constituído de engenho de rapadura, serraria e máquina de pilagem de café. No engenho, fabricava-se rapadura, a qual era comercializada para o sertão, através de comboieiros e caminhões via Crateús.
Já na serraria, preparavam-se madeiras destinadas à construção, tanto as de produção própria, como também terceiros, de quase toda a Ibiapaba traziam suas matérias-primas – a madeira, para ser beneficiada no Sítio Matriz, inclusive o madeiramento dos Patronatos de Viçosa do Ceará e Ubajara foi oriundo de lá. Com a máquina de pilagem de café, não foi diferente, tanto beneficiava o café de sua própria produção, como também beneficiava o café de outrem. Desta forma o Sítio Matriz foi destaque em toda a região Ibiapabana.
Conforme o Livro de anotações da Prefeitura Municipal de Ubajara, denominado - Exploração Agrícola, cujo exemplar único está na Câmara Municipal de Ubajara, destaca o Sítio Matriz, mais precisamente o seu proprietário/administrador Valdemar Aristides dos Santos, que no ano de 1959, obteve uma produção que gerou o valor de 150.000,00 e que sobre este valor/produção pagou um imposto 1.950,00 em 04.02.60, colocando-o entre os 05 (cinco) maiores produtores do município de Ubajara.
Na década de 70, mais precisamente no governo de Cesár Calls de Oliveira Filho houve a implantação do café do IBC (Instituto Brasileiro de Café) com as variedades de mudas Mundo Novo e Catuaí, no Sítio Matriz, onde as primeiras mudas foram plantadas pelo próprio governador, tanto no campo como no jardim da propriedade, que existe até hoje.
Inclusive o proprietário do Sítio Matriz presenteou o governador do estado com um lote de terra, para construir uma casa de veraneio, que ficou conhecida como a Casa do César Calls. Neste período a produção do sítio foi fantástica chegando a 1000 alqueires de café por safra. Mas com a escassez das chuvas a produtividade do café diminuiu fazendo com que os produtores se desestimulassem dos tratos culturais e abandonassem a cultura do café.
Ilustra-se com umas curiosidades: o Sítio Matriz foi o primeiro usuário de energia elétrica de Ubajara, já no governo de Adauto Bezerra, como também foi um dos 20 primeiros a instalar telefone, sob o número 213 e posteriormente 634-1213. Ousaram também na construção de uma residência de 02 (dois) pavimentos, numa arquitetura portuguesa, com a predominância de arcos.
Retomando a discussão econômica, com a chegada da Usina Agroserra na cidade de Ibiapina os agricultores regionais passaram o foco para a cultura da cana-de-açúcar, a qual era vendida para a respectiva Usina, destinada ao fabrico de álcool. Nesta conjuntura o Sítio Matriz ocupou a 5ª colocação como maior produtor/fornecedor, totalizando 6.000 toneladas por safra, neste período a gestão do sítio estava a cargo do filho primogênito de Valdemar Aristides, Joaquim Aristides Neto.
Posteriormente com o declínio do programa PROÁLCOOL e consequentemente a decadência da usina em pauta, foi redirecionado mais uma vez, a cana-de-açúcar para o fabrico da rapadura.
Em outubro/97, o administrador Joaquim Aristides, já casado com Teresinha Araújo Moura, ex-bancária do Banco do Estado do Ceará tiveram grandes avanços no âmbito do engenho de rapadura, tais como: registro da marca ENGENHO IBIAPABA; formalização da natureza jurídica, sob o Nº do CNPJ: 23.470.479/0001-25; introdução da rapadura em vários tamanhos e sabores, sendo adicionadas polpas de frutos, oriundo do próprio sítio, a qual foi direcionada para outros mercados consumidores a merenda escolar e supermercados; registro destes produtos no Ministério da Saúde, e na EAN Brasil, para a implantação de códigos de barras dos mesmos; foi introduzido também o melado e o açúcar mascavo no mix dos produtos; participação em várias feiras de produtos artesanais e agropecuários tanto no interior do estado como na capital.
Mas infelizmente com a demora da legalização da fábrica de rapadura, emperrados na burocracia, tendo que manter-se somente com o fabrico da rapadura tradicional, sob o jugo do atravessador, obtendo preços baixos, e ainda tendo que cumprir as exigências feitas pelo ministério do trabalho, aliado a falta de incentivos por parte do governo, o custo de produção ficou muito alto, então, em virtude disso, o engenho parou suas atividades, ficando de fogo morto, como diria o escritor contador de estórias e histórias José Lins do Rego.
Então a proposta da família Aristides hoje, que continua residindo no Sitio Matriz, a qual está na terceira geração, revigorada pela energia de 02 filhos adolescentes – Abigail Aristides e Valdemar Neto, que comporão a 4ª geração, em anos vindouros, propõe a revitalização econômica do respectivo sítio, sob outros moldes e atividades – Turismo Rural.
Agora com nova proposta e nova marca: RANCHO ENGENHO VELHO. Já que dispõe de vários atrativos tais como: uma casa sexagenária, com uma arquitetura em forma de arco, um engenho, uma capela, é muito arborizada, com plantas nativas, trilhas e cachoeira, inclusive a Piguruta, famosa cachoeira do município de Ubajara, que estava encravada no Sítio Benfica, pertencente também a família Aristides, o qual está interligado ao Sítio Matriz.
Pode-se dizer que o turismo rural é uma modalidade que tem por objetivo permitir a todos um contato mais direto e conservado com a natureza, a agricultura e as tradições locais, por meio da hospedagem domiciliar em ambiente rural e que também seja familiar.
Por Teresinha Araújo Moura, trecho da monografia apresentada à Coordenação do Curso de Licenciatura em História do Instituto de Teologia Aplicada - INTA.
Academia Ubajarense
de Letras e Artes


Endereço: Sítio Matriz, zona rural
Ubajara-Ceará Cep.: 62350-000
CNPJ 51.979.377/0001-75


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