História da Família Eufrásio

História da família de Raimundo Eufrásio para a revista da Academia Ubajarense de Letras e Artes

Raimundo Eufrásio Oliveira é cearense, nascido aos vinte e oito dias do mês de Setembro do ano de 1916. Seus genitores residentes na Serra do Rosário, em Sobral, sofreram as dores da seca que assolava constantemente as populações regionais. Mais ou menos por volta do ano 1888, os mesmos transferiram-se para a Serra da Ibiapaba, precisamente hoje no município de Ubajara, á época território pertencente a Jurisdição do Município de São Benedito.

Era o início da tradição, bem como a história da família Eufrásio de Oliveira, em Ubajara. A cidade de Ubajara, sempre amada por Raimundo Eufrásio, não foi seu leito de morte, embora fosse indicado por ele como o lugar ideal para findar os seus dias: sua terra natal. Julgava inconcebível qualquer argumento contrário a essa questão de sua preferência.

Ele nasceu e viveu até os dez anos de idade no sítio de propriedade dos pais que muito cedo partiram para o céu deixando-o órfão prematuramente.

“Sob as sombras acolhedoras dos viçosos cafezais que envolviam a casa grande do Carpina, jardim edênico do Pitanga, eu vim ao mundo num dia alegre de setembro”[1].

“No belíssimo cenários verde-esperança dos fartos canaviais farfalhantes da encantadora região da Valentina, eu adorei a natureza majestosa; ali era a nascente do famoso Olho D’Água, de águas cristalinas e tépidas, tão puras, tão convidativas tão perenes como as bênçãos dos céus; as secas o afastaram por muitos anos seguidos, e logo que o meu pai adquiriu aquelas terras, ele retornou como um prodígio de Deus para beneficiar o solo onde eu nasci” [2]


Foi ouvindo as dolentes cantigas das águas da velha cachoeira do rio Pitanga, que Raimundo Eufrásio sentiu as primeiras emoções que energizam a alma do jovem no contato inicial com as maravilhas da terra.

“No deleite dos cantos maviosos das graúnas no alto azul das palmeiras seculares, eu aprendi as primorosas lições da psicologia dos pássaros que cantam, que amam, alegram, galvanizam, que lutam, sofrem, morrem, mais não choram, não suplicam, nem gemem; nisto os fortes, os santos e os mártires são semelhantes às aves canoras do céu” [3]

“E nas tardes quentes de verão, dominadas pelo instinto milenar da despedida, as estridentes cigarras cantadeiras choravam a saudades do sol quando morria; e a natureza encobria a serra no negro cobertor da noite; eu aprendi, assistindo aquele drama, a esperar a felicidade do dia de amanhã e a chorar a saudade do dia que passou; nas madrugadas risonhas de verão, eu era despertado, feliz e embevecido, com a alvorada melodiosa dos bandos dos xexéus, sabiás, graúnas, campinas, canários e jesus-meu-deus, numa sinfonia enternecedora que só a natureza mestra sabe craniar; aí, eu compreendi que até os infelizes podem ser felizes por alguns momentos” [4]

“Dos píncaros da colina, a gente avista a cidade; aquela cidade festiva das missas de domingo e das novenas de São José, e a sedutora menina fidalga ávida de amor e estuante de progresso: A PRINCESA DA SERRA, a jóia dourada da Ibiapaba; Nessa cidade eu aprendi na Escola da incomparável mestra Maroca Perdigão Pereira, a cantar o Hino Nacional, a rezar as orações da Primeira Comunhão, a declamar poesias do genial Castro Alves e do Padre Antonio Tomaz, e amar com orgulho a minha pátria; na minha cidade eu aprendi a ler – a glória do menino de engenho; foi a partir dessa época que comecei a me afastar das tarefas comuns de tratar dos bois e coletar os feixes de bagaço de cana para transportar às costas para o pátio da fábrica, etc; dir-se-ia que eu descobriria um mundo novo, mais convidativo, mais progressista e mais humano; eu sabia ler o QUARTO LIVRO de Felisberto de Carvalho, o que para muitos companheiros já representava um diploma de letras” [5]

Raimundo Eufrásio viu e venerou os filhos heróicos da cidade, que lutaram pela independência do município e conquistaram a autonomia política de Ubajara. “conheci o líder do povo Grijalva Costa, jornalista Manuel Miranda, o chefe político Francisco Cavalcante de Paula, o intelectual José de Oliveira Vasconcelos, o comerciante Moisés Bispo de Lima, o abastado Pergentino Costa, o industrial Elpídio Luiz Pereira o poeta Antonio Pereira, o rico comerciante Francisco Bahé de Macêdo, o prefeito Luiz Lopes, o tabelião e professor Antônio Celso de Jordão, tenente Ângelo Fernandes de Sousa, Raimundo Oliveira de Vasconcelos, Francisco Pinto, Flávio Lima, poeta Hemetério Pereira, Lauremiro de Vasconcelos, Francisco Alfredo Cavalcante, José Luiz Pereira, o delegado Maneco, considerado o mais rico proprietário do Município, e muitos outros que engrandeceram o torrão onde nasci”.[6]

Dentre tanto narrado por Raimundo Eufrásio consta pelo mesmo que leu com frenesi os primeiros números da “GAZETA DA SERRA” e de “UBAJARA”, dois semanários que acompanhavam o progresso intelectual da cordilheira, sempre orgulhosa de Clóvis – o pontífice da Jurisprudência no Brasil, e de Farias Brito, considerado até então o mais renomado filósofo brasileiro de todos os tempos, admirou os encantos, belezas e excentricidades da maravilha natural do Norte: a Gruta de Ubajara. “a milenar e portentosa GRUTA DE UBAJARA, com as suas estalactites que marcam o relógio da civilização todos os segundos de cada século, e as estalagmites que formam, pacientemente, as pilastras para a história das pesquisas científicas que ainda não chegaram até nós; e na visita que fiz à Gruta eu assisti um dos mais belos espetáculos que os meus olhos já presenciaram: a indescritível aurora que nos maravilha, quando saídos das trevas da caverna avistamos o raiar do sol esplendoroso e mil vezes mais lindo que nos recepciona lá fora; a Gruta é, na verdade, a maravilha do Norte do Brasil” [7]

Segundo Raimundo Eufrásio a fertilidade do solo, a prodigalidade do clima, a excelência da água, a exuberância das frutas, a magnificência dos panoramas das alturas e a riqueza vegetal, a constância das chuvas, a salubridade do verão serrano, a potencialidade agroindustrial espelhada na cultura secular da cana de açúcar e do café, a perenidade das plantações verdejantes, tudo isso conjugado à hospitalidade do coração generoso do povo da sua terra, representa sem dúvidas fatores exponenciais de bonança, prosperidade, benesses, conforto, segurança, paz e bem estar que influenciam o desenvolvimento geral da comunidade.

“Ubajara – “PRINCESA DA SERRA”, a minha terra é uma joia engastada no coração econômico do Ceará; dela se orgulhará sempre o Brasil pelas suas riquezas e belezas naturais, ainda inexploradas, pela grandeza dos seus filhos e pelo futuro glorioso que lhe está reservado no processo de emancipação e desenvolvimento da Nação “[8]

Na progressista cidade berço de Dom José Tupinambá da Frota, a amada terra de Sobral, decorreu grande parte da infância e adolescência de Raimundo Eufrásio, e dessas duas fases douradas guardou-se as mais doces recordações. Quando ali chegou, vindo de Ubajara, para ingressar no Seminário São José, da Betânia, Raimundo Eufrásio percorria então as alamedas ainda sem movimento da maior cidade da zona norte do Estado e do maior centro demográfico e industrial que já conhecera naquela época. A cidade não contava com mais do que doze mil habitantes, se muito, tornando-se por base o número de prédios domiciliares e comerciais que não ultrapassa a três mil, segundo seu professor Monsenhor Fortunato Alves Linhares.

Sobral era a segunda cidade de Estado, e a mais progressista de todas, não obstante o flagrante desenvolvimento do Nordeste brasileiro.

A cidade de Sobral, segundo Raimundo Eufrásio, já era aquele tempo uma cidade orgulhosa de suas grandes tradições da religião, na política, nas letras, nas artes, no comércio, na indústria e pecuária. Muito foi recordado dos tempos vividos na acolhedora “Princesa do Norte”. Foi ali que Raimundo Eufrásio estudou e formou sua mentalidade.

“Orgulho-me hoje de ter tido mestres do maior gabarito como Monsenhor Linhares, Dr. Pimentel Gomes, Dom José Bezerra Coutinho, Padre João França, Monsenhor Agesilau de Aguiar, Monsenhor Aloísio Pinto, Maestro Raimundo Donizetti Gondim, além de outros; Por outro lado, ufano-me de ter sido colega de classe, no Seminário, do saudoso e impoluto Bispo Dom Francisco Expedito Lopes, nome imperecível que ficou na memória de todos os brasileiros como verdadeiro mártir da Fé e apóstolo da Igreja de Cristo, e bem assim do inesquecível astro da inteligência alencarina – acadêmico de Direito, Clodomir de Arruda Coelho, figura impar da intelectualidade jovem, falecido em 1939, o lado desse portentoso intelectual, cursei o ginasial no Colégio Cearense, desta capital, nos idos de 1930/32.” [9]

Raimundo Eufrásio considerava-se devedor a cidade de Sobral, a ponto que por mais que se esforçar-se nunca haveria de retribuir à altura os benefícios, benesses e magnitudes que Sobral havia lhe proporcionado através dos anos de infância e adolescência, ali, por ele vividos. Exaltava também que confessava com satisfação inaudita, que os seus maiores amigos eram de Sobral, se bem que confessava também que os possuía em número vantajoso e de qualidade também superior na sua terra-berço Ubajara que segundo o mesmo morava em seu coração.

Eram seus ídolos: “os meus grandes e respeitáveis ídolos são quase todos sobralenses; cito-os, neste ensejo, com a glória e o orgulho de quem procurou sempre honrar e enaltecer os bons, os sábios, os mestres, os justos e os santos; eis os seus nomes imortais: Dom José Tupinambá da Frota, Dom Francisco Expedito Lopes, Monsenhor Fortunato Linhares, Maria Tomásia Figueira Lima, Padre Mororó, Padre Ibiapina, Figueira de Melo, Cordeiro de Andrade e Clodomir de Arruda Coelho, todos de Sobral; Ana Amélia de Jordão, minha madrinha de batismo, Monsenhor Gonçalo Eufrásio de Oliveira e Regina Eufrásio de Oliveira, todos naturais de minha terra natal – Ubajara, e os dois últimos, irmãos queridos e benfeitores incomparáveis deste humilde garatujador.” [10]

De fato muito nos repassou Raimundo Eufrásio, “muito tem a contar de sua infância e adolescência, aquele que guarda do passado as boas recordações” [11] é certeza que suscitaram infindas saudades que se tornaram alento para a vida e conforto para a alma. No ano de 1932, quando por sinal, ocorreu a maior seca do século passado, no Ceará. Foi este o tempo em que a sua adolescência no auge, dava-lhe a expansão dos sentimentos e emoções mais envolventes na convivência com a mocidade alegre e sonhadora.

“Cada jovem pretendia conquistar uma namorada, uma menina bonita e atraente que, por acaso, encontrara fortuitamente na missa, na novena ou no passeio costumeiro da Praça São João, ainda sem calçamento, sequer; e logo uma turma de amigos combinava promover uma serenata à fria luz do luar e na quietude acolhedora de uma noite de sonhos e de estrelas” [12]

“Noite alta céu risonho

A quietude é quase um sonho,

E o luar cai sobre a mata

Qual a chuva de prata

De raríssimo esplendor…”

“Esta inesquecível canção – “NOITE DE ESTRELAS” cantada por Vicente Celestino, inspirou centenas de serenatas aos meus colegas de adolescência; Quantas recordações! Hoje, quantas saudades chorando recolhidas no meu peito! Aquelas paixões infantis dourando de esperanças o sacrário em alicerce da Minh ‘alma sonhadora! ”

[13]Raimundo Eufrásio, respeitoso admirador dos grandes intelectuais da sua época, estes, fidalgos de coração, generosos de espírito, e os puros em sua grandeza moral, reunindo estas virtudes, causavam-lhe motivos para por ele serem idolatrados.

Na busca de conhecer e se aproximar destes intelectuais que mais tarde se tornaram suas referências, Raimundo Eufrásio já estado já em Fortaleza, capital do estado do Ceará, foi levado e apresentado ao Cenáculo dos intelectuais à Casa Juvenal Galeno, pelo então renomado poeta e consagrado cronista cearense Paulo Aragão. Assim disse Raimundo Eufrásio ao relatar tal acontecimento em sua crônica: VAGALUME ENTRE OS ASTROS, que de forma análoga o mesmo se compara com este dito ser.

“O vagalume estava, afinal, diante de uma estrela, cuja esplendência formidável o cegou por completo: NENZINHA GALENO, gloriosa e magnífica no seu trono de bondade e fulgurância intelectual; apertou ela a mão do vagalume e desejou-lhe boa sorte, como se pudesse ele gozar de uma glória maior do que a do convívio com os astros e estrelas; circunspecto e solene, sentado numa poltrona do cenáculo, o genial poeta SIDNEY NETO, de tantas produções entusiásticas e admiráveis que enriqueceram a literatura cearense; e o vagalume humilde e rastejante não possui expressões condignas para cumprimentar sequer mais esse astro alencarino; todavia, sentindo-se o mais venturoso dos insetos do Universo, graças a benevolência sem par do venerável vate PAULO ARAGÃO, despedia-se de Nenzinha Galeno, agradecendo-lhe pela honra insigne de sua comiseração e acolhida tão fraterna e cristã.”[14]

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A ubajarense Lucivanda Fernandes lançou o livro Crescendo entre as Rosas. Cobertura de Monique Gomes para a revista da Academia Ubajarense de Letras e Artes.

Ubajara celebra o lançamento do livro “Crescendo Entre as Rosas”

Por Monique Gomes Na última sexta-feira, 3 de outubro de 2025, o município de Ubajara, conhecido como um dos grandes berços culturais da Serra da Ibiapaba, foi palco de mais um marco literário: o lançamento do livro “Crescendo Entre as Rosas”, escrito pela empresária Lucivanda Fernandes. O evento reuniu familiares, amigos e admiradores da autora em uma tarde de celebração, emoção e inspiração. A cerimônia aconteceu no Espaço Aromas e Flores, empreendimento idealizado pela própria Lucivanda, localizado no bairro Monte Castelo. O local, que oferece experiências multissensoriais por meio de serviços de spa, massagem, perfumaria e cafeteria, foi o cenário perfeito para um encontro que uniu arte, empreendedorismo e sensibilidade. Lucivanda, que é CEO da Fazenda Santo Expedito e diretora da Rota Turística Mirantes da Ibiapaba, apresentou sua obra em formato intimista, cercada por mulheres que fazem parte de sua trajetória. O livro narra em primeira pessoa as vivências de uma mulher que transformou desafios em aprendizados e construiu um legado de fé, coragem e liderança no agronegócio, no turismo de experiência e na perfumaria artesanal. Em entrevista à Camile Mendes, a autora emocionou o público ao falar sobre o significado da obra: “Aqui tem relatos e histórias de quem cresceu estudando, teve muitas experiências, recomeços e espero que inspirem mulheres a recomeçar com o que já têm”, declarou Lucivanda. Com uma narrativa envolvente e inspiradora, “Crescendo Entre as Rosas” convida o leitor a refletir sobre o poder do propósito, a força dos recomeços e o florescer de cada mulher diante dos desafios da vida. “Foi uma noite marcada por emoção, cercada de mulheres incríveis que, em algum momento, cruzaram o meu caminho e deixaram sua marca. Muitas delas me inspiram até hoje… e é para elas e para todas as mulheres que escrevi estas páginas”, completou a autora. Ubajara, terra de grandes escritores e artistas, reafirma assim sua vocação cultural ao celebrar o talento e a sensibilidade de mais uma filha ilustre da cidade. Lucivanda Fernandes, com sua obra de estreia, faz um tributo à força feminina e ao espírito empreendedor da mulher ibiapabana.

Acadêmicos tomam posse na Academia Ubajarense de Letras e Artes

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