Quem foi João Benício de Sousa?
Grande músico de Ubajara
ARTIGO
Por Magna Rodrigues
7/15/20255 min read


João Benício de Sousa nasceu em Viçosa do Ceará em 2 de Setembro de 1933, cidade onde residiu até um pouco mais de 2 anos e somente aos 3 anos seus pais Antônio Valentim de Sousa e Hermínia de Almeida Braga resolveram morar em Ubajara - até seus últimos dias de vida, passando assim a maior parte de sua infância.
Sua família se totalizou em oito irmãos, ele sendo o quarto a nascer. Chegou a estudar em escola particular, no Centro Educandário, com os professores Antônio Canilinha e o tão conhecido professor Assis. Fez o curso de admissão, como era chamado na época, curso que hoje conhecemos como ensino médio.
A sua tendência musical foi surgindo com o tempo e logo procurou se aproximar de seu primeiro maestro e professor de música, o Tenente Naninho, onde com muita dificuldade financeira prestava serviço em troca do seu aprendizado. Mas como todo jovem curioso e ainda não satisfeito, resolveu ir embora para São Paulo com 19 anos, em 1948.
Assim seguiu para a grande Capital por intermédio de um amigo que lá morava em uma pensão situada na Rua Tapajós, no Bairro Ponte Pequena, próxima a Estação da Luz, com poucos dias de sua chegada a essa pensão, também chegou um outro conterrâneo de nome Agenor Soares, se tornando seu companheiro de quarto e seu primeiro aluno, em seguida passaram a estudar no mesmo conservatório chamado de Conservatório de Música Vila Lobos onde sua mensalidade era patrocinada pela família Cavalcante, de Ubajara, na pessoa do Sr. Zé Cavalcante.
João Benício chegou a formar sua própria orquestra, que se chamava Orquestra Benício. O grupo tocava em vários clubes, como: O MARCONDES, ITARIRI e VINTE E OITO. Chegou a se apresentar no Rio de Janeiro, fez diversos programas na TV RECORD, sendo assim bastante requisitado.
Ele também formou um quinteto onde fazia os programas na Rádio Nacional somente aos domingos no horário das seis às oito da manhã com sucesso em audiência, tornado-se o mais conhecido e respeitado na área musical. Os ritmos mais executados da época era Rumba, Mambo, tcha-tcha-tcha, Tango,Bolero e Samba canção.
Em 1955 arrumou seu primeiro emprego de carteira assinada em 7 de janeiro na Empresa VITRUM S.A. e saiu em 30 de maio de 1957. Em seguida, trabalhou na Indústria de Ampolas Esperança LTDA em 1 de junho de 1957 e saiu em 20 de Agosto de 1958, onde trabalhava de Auxiliar de Maquinista.
Seguiu para a Companhia Paulista de Aniagens em 14 de maio de 1959 até 31 de julho de 1959. E assim passaram-se onze anos. Foi quando recebeu o seu tão sonhado Diploma de músico profissional, habilitado pela sua extraordinária capacidade de ler e escrever partituras. Mesmo sendo apto à tocar todo e qualquer tipo de instrumento musical, o Maestro João Benício tinha uma preferência particular e paixão pelos instrumentos de sopro saxofone e clarinete. E logo após a sua diplomação, no final do referido ano, regressou à cidade natal Ubajara, com 26 anos de idade.
Agora finalmente titulado maestro, chega a casa de seus pais, onde a noticia logo se espalhou e causou grande rebuliço na cidade: onde todos queriam ver e ouvir João Benício tocar o som de seu instrumento que suava alto aos ouvidos de quem passava por perto. Nos meados de 1960 começa o namoro com Francisca Rodrigues de Sousa (Nenca) e exatamente 10 anos depois se casam e dessa união geram um casal de filhos Magnus Benicio e Magna Rodrigues.
No ano de 1972 recebe um convite do Comandante da Polícia Militar do Piauí, Coronel Canuto, para fazer parte da Banda de Música e responsável em transcrever partituras para os demais instrumentos, com o cargo de Cabo assemelhado, levando a família para morar em Teresina.
Somente com a morte de seu filho, e tendo recebido transferência para a cidade de Picos (não só para trabalhar como músico, mais também para exercer a profissão de policial), resolveu desertar e regressar novamente para Ubajara. Ao chegar, participou de várias bandas e orquestras: Benício e seu conjunto, Orquestra Santa Cecília (padroeira dos músicos), Orquestra Ritmos Internacionais e o cantor Wanderley.
Bem como outras na cidade de Sobral, como: Orquestra do Dr. Amauri Barbosa e Banda, Os Panteras Bossa que pertencia ao presidente do Pálace Clube da cidade e dono de uma fábrica de chapéu, e em Fortaleza, trabalhou com Ivanildo e seu Conjunto. Ainda em Ubajara, ele passou pela Banda Ases do Planalto, na direção do Sr. Zequinha e quando saiu formou sua própria banda BQ Som em sociedade com o advogado Queiroz Pessoa, onde o mesmo, por motivos pessoais, resolve com passar do tempo, sair da sociedade e entregar sua parte ao maestro João Benício, que por sua vez muda novamente o nome da banda para Banda Tropical.
Ao longo do tempo, a Prefeitura Municipal de Ubajara, na gestão do prefeito Salustiano Lima de Aguiar, convida o maestro para formar uma Banda Municipal com jovens, onde ele passou a ensinar aos interessados em uma sala perto da prefeitura e muitas vezes em sua própria residência.Sua maior preocupação era deixar esses jovens tocando e lendo partituras e somente quando almejou seu objetivo foi que se fixou como maestro assinando sua carteira em 01 de Dezembro de 1979 tendo a duração de 5 anos e 4 meses no dia 30 de Abril de 1985. Já na gestão do Prefeito Eudes Soares Cunha pede sua demissão pelo motivo de ter sido convidado para trabalhar em outra prefeitura, dessa vez na cidade de Coreaú como maestro regente e formando músicos, ficando por lá cerca de dois anos.
Em 1988, em um festejo na cidade de Ubauna,tocando e maestrando a Banda Municipal de Coreaú, o mesmo começou a sentir fortes dores de cabeça durante o evento que o fez voltar a Ubajara e deixar de trabalhar devido sua enfermidade. Exatamente na data de 18 de Novembro do mesmo ano, em Fortaleza, foi detectado através de uma tomografia computadorizada a causa que levou o famoso maestro a óbito, exatamente com um ano e seis meses de tratamento, no dia 9 de Abril de 1990 às 7:00 horas da manhã, após uma forte convulsão. O referido Maestro durante sua trajetória deixou algumas obras de sua autoria como: Maxixe do JB escrita em 30/07/1982; Choro da Magna escrita em 5/5/1983; Brincando de Sax escrita em 6/5/1983 e Forró do BQ Som escrita em 7/6/1984. Em uma de suas frases marcantes, o maestro João Benício de Sousa costumava citar: "O que seria das pessoas se a música silenciasse para o mundo..."
Por Magna Rodrigues, filha de João Benício.
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