Oirta Gomes Miranda: Uma Vida de Fé, Dedicação e Visão à Frente de Seu Tempo

Oirta Gomes Miranda

Por Marcelo Miranda Oirta Gomes Miranda foi uma figura notável, cujo legado é marcado por sua fé inabalável, dedicação incansável à família, um profundo senso de justiça social e uma visão singular que a colocava à frente de seu tempo. Ela é lembrada não apenas como uma mulher exemplar e um pilar para sua comunidade, mas como uma inspiração constante, cuja vida tocou profundamente a de muitos. Como exemplo e testemunho de sua profunda religiosidade, participou ativamente da construção da Capela Mãe Rainha, que, além de ser um marco de fé, tornou-se um ponto turístico em Ubajara. Primeiros Anos e Formação: Nascida e criada em um lar de princípios cristãos sólidos, Oirta desde cedo demonstrou uma forte ligação com a fé. Seus pais e avós lhe transmitiram valores como honestidade, trabalho duro e um amor profundo por Deus e pelo próximo, que se manifestaria intensamente em seu senso de justiça e em suas ações ao longo da vida. Essa base foi fundamental para moldar seu caráter e direcionar suas escolhas. Laços Familiares e Suporte Inestimável: Casada com Manoel Miranda, Oirta construiu uma família abençoada, dedicando-se incansavelmente ao bem-estar e à educação de seus filhos. Além de seu núcleo familiar, Oirta estendia seu suporte a outros membros da família. Quando Marlene Gonçalves Miranda, esposa de seu cunhado Florival Miranda (já falecido), mudou-se do Rio de Janeiro para Ubajara com sua família, Oirta foi um porto seguro. Ela não hesitou em oferecer um emprego a Marlene no FUNRURAL – órgão governamental que garantia a aposentadoria de agricultores do interior do estado –, demonstrando sua generosidade e seu compromisso em ajudar quem precisava. Seu senso de justiça e sua perspectiva positiva eram evidentes em suas interações. Uma anedota familiar ilustra seu apreço pela natureza e sua fé: certa vez, Marlene, recém-chegada do Rio de Janeiro e de outra cultura, ao ver o céu carregado de nuvens, exclamou: “O céu está feio!” Tia Oirta, com sua perspicácia característica, corrigiu-a imediatamente: “Bate na boca, Marlene, o CÉU ESTÁ LINDO PRA CHOVER!” Um Coração para Causas Sociais e Visão de Futuro: Oirta sempre esteve profundamente ligada às causas sociais. Seu senso de justiça, herdado de seus pais e avós, era uma virtude proeminente. Ela não apenas acreditava em um mundo melhor, mas agia para construí-lo. Sua visão abrangia desde o apoio individual, como no caso de Marlene, até projetos mais amplos para o desenvolvimento de sua região. Em uma conversa reveladora, seu irmão Gomes de Moura contou que, ao visitá-la, a encontrou debruçada sobre uma vasta quantidade de papéis, escrevendo intensamente. Ao perguntar o que fazia, Oirta respondeu: “Estou elaborando um projeto para uma faculdade em Ubajara!” Este projeto, embora não tenha sido adiante na época, mostrava sua profunda preocupação com o acesso à educação em um tempo em que o estudo era de difícil acesso na Serra da Ibiapaba, solidificando sua imagem como uma mulher genuinamente à frente de seu tempo. Preservadora da Memória e Inspiradora de Gerações: Além de sua busca por um futuro educacional para a região, Tia Oirta também demonstrou um firme propósito na preservação da história e da memória familiar. Ela dedicou-se a reunir, pesquisar e classificar os escritos de seu bisavô, Manoel Ferreira de Miranda, cujo trabalho ela publicou sob o pseudônimo de “EMMES”. Essa homenagem resultou na publicação do “Diário de um Velho”, um trabalho inspirador que deu continuidade à pesquisa sobre a família, assegurando que o legado de seu bisavô e o seu próprio vivessem. Testemunhos e Reconhecimento: As virtudes de Oirta Gomes Miranda são amplamente reconhecidas. Seu irmão, Gomes de Moura, exclamou todas as suas qualidades em textos dedicados à sua vida. Para aprofundar-se e validar esses escritos, o leitor pode consultar os seguintes links: Conclusão: A vida de Oirta Gomes Miranda foi uma tapeçaria rica, tecida com fios de fé, amor familiar, justiça social e um espírito inovador. Sua memória perdura não só nas palavras de seu irmão e na gratidão de sua família, mas também no impacto duradouro que ela teve naqueles que a conheceram. Ela foi, sem dúvida, uma mulher que viveu com propósito e abençoou a vida de muitos.

Perfeição

Artigo de Melissa

Por Melissa Vasconcelos Não gosto de me transformar em nada que eu não seja. Não gosto de me transformar em coisa nenhuma, pois nunca me mantenho em mim mesma. Sempre nos transformamos em nada do que pensamos, e tudo o que pensamos sobre nós, tripudia-nos como Judas tripudiou Jesus Cristo. Somos os Judas das nossas vidas, criando máscaras e filtros de definição, quando, na verdade, não sabemos quem somos. Os conceitos que já julguei sobre mim e outros foram trabalhos vãos, mudando como a água que nas cachoeiras. Em cada gole, descobrimos nuances inesperadas e desconhecidas das nossas profundidades ou superficialidades, não sendo bicho, nem fera: sendo humano. Significa assim dizer que não somos completos de modo algum, e que ainda que criemos conceitos ou fórmulas, a qualquer hora, nos auto decepcionaremos: somos frágeis, falhos e falsos. Frágeis por não haver consistência em nossos princípios, de modo que todos estão sujeitos ao erro. Falhos, porque, ainda que a casa esteja bem forjada e preparada, os erros são o constante ofício daquele que se arrisca a viver. Falsos, porque exigimos dos outros a perfeição e a fidelidade de ser que nem em nós mesmos se há a confiança de cumpri-lo. Assim, somos todos estúpidos: julgando uns aos outros até os dias das mortes e apontando dedos nos narizes alheios, sem enxergar os poros inflamados do nosso próprio nariz. O nunca só existe a quem não vive, e o sempre é a mentira daqueles que negam a morte. O mundo apodrece na própria carne. A carne morre na própria pena.

Ubajara celebra o lançamento do livro “Crescendo Entre as Rosas”

A ubajarense Lucivanda Fernandes lançou o livro Crescendo entre as Rosas. Cobertura de Monique Gomes para a revista da Academia Ubajarense de Letras e Artes.

Por Monique Gomes Na última sexta-feira, 3 de outubro de 2025, o município de Ubajara, conhecido como um dos grandes berços culturais da Serra da Ibiapaba, foi palco de mais um marco literário: o lançamento do livro “Crescendo Entre as Rosas”, escrito pela empresária Lucivanda Fernandes. O evento reuniu familiares, amigos e admiradores da autora em uma tarde de celebração, emoção e inspiração. A cerimônia aconteceu no Espaço Aromas e Flores, empreendimento idealizado pela própria Lucivanda, localizado no bairro Monte Castelo. O local, que oferece experiências multissensoriais por meio de serviços de spa, massagem, perfumaria e cafeteria, foi o cenário perfeito para um encontro que uniu arte, empreendedorismo e sensibilidade. Lucivanda, que é CEO da Fazenda Santo Expedito e diretora da Rota Turística Mirantes da Ibiapaba, apresentou sua obra em formato intimista, cercada por mulheres que fazem parte de sua trajetória. O livro narra em primeira pessoa as vivências de uma mulher que transformou desafios em aprendizados e construiu um legado de fé, coragem e liderança no agronegócio, no turismo de experiência e na perfumaria artesanal. Em entrevista à Camile Mendes, a autora emocionou o público ao falar sobre o significado da obra: “Aqui tem relatos e histórias de quem cresceu estudando, teve muitas experiências, recomeços e espero que inspirem mulheres a recomeçar com o que já têm”, declarou Lucivanda. Com uma narrativa envolvente e inspiradora, “Crescendo Entre as Rosas” convida o leitor a refletir sobre o poder do propósito, a força dos recomeços e o florescer de cada mulher diante dos desafios da vida. “Foi uma noite marcada por emoção, cercada de mulheres incríveis que, em algum momento, cruzaram o meu caminho e deixaram sua marca. Muitas delas me inspiram até hoje… e é para elas e para todas as mulheres que escrevi estas páginas”, completou a autora. Ubajara, terra de grandes escritores e artistas, reafirma assim sua vocação cultural ao celebrar o talento e a sensibilidade de mais uma filha ilustre da cidade. Lucivanda Fernandes, com sua obra de estreia, faz um tributo à força feminina e ao espírito empreendedor da mulher ibiapabana.

Academia Ubajarense de Letras e Artes realiza cerimônia de posse

Acadêmicos tomam posse na Academia Ubajarense de Letras e Artes

Por Monique Gomes Na noite de 27 de agosto de 2025, a Academia Ubajarense de Letras e Artes (AULA) promoveu a cerimônia de posse de novos membros. O evento, realizado na Câmara de Vereadores de Ubajara, foi marcado pela presença de autoridades, homenagens e forte emoção entre os participantes e a plateia. A solenidade foi aberta pelo presidente da instituição, Nicollas Aguiar, e contou com a entrada dos postulantes, execução do Hino Nacional e leitura do histórico da Academia. Estiveram presentes personalidades como o Promotor de Justiça Dr. Marcos Vinicius, a Dra. Maiza Araújo, representando a magistratura, o senhor Humberto Ribeiro, a Dra. Priscila, representante da OAB, entre outras. Durante a cerimônia, cada acadêmico foi oficialmente empossado com a leitura da biografia de seus respectivos patronos, seguida da apresentação da própria trajetória e finalizada com a entrega do diploma. O momento foi marcado por discursos emocionados. Foram empossados: Em discurso comovente, Marcelo Miranda destacou: “Assumir a cadeira de número 3 da AULA é aceitar um legado. O patrono desta cadeira, Manoel Ferreira de Miranda, não foi apenas um homem de letras de Ubajara, foi também meu bisavô, a quem chamo de Pai Vô.” Após o juramento dos novos acadêmicos, a noite seguiu com o pré-lançamento do livro da acadêmica Ilma de Oliveira, a homenagem ao autor do Hino de Ubajara, José Maria Fernandes, e a execução do hino municipal com a participação de Marcelino Fernandes. A cerimônia foi marcada não apenas pela formalidade e solenidade, mas também pelo sentimento de pertencimento, orgulho e emoção que tomou conta da plateia e dos acadêmicos. Foi um verdadeiro marco cultural para Ubajara, fortalecendo ainda mais a missão da Academia em preservar e valorizar a literatura e as artes da região.

Quem foi João Benício de Sousa?

João Benício, personalidade que viveu em Ubajara, músico talentoso

Por Magna Rodrigues, filha de João Benício. João Benício de Sousa nasceu em Viçosa do Ceará em 2 de Setembro de 1933, cidade onde residiu até um pouco mais de 2 anos e somente aos 3 anos seus pais Antônio Valentim de Sousa e Hermínia de Almeida Braga resolveram morar em Ubajara – até seus últimos dias de vida, passando assim a maior parte de sua infância. Sua família se totalizou em oito irmãos, ele sendo o quarto a nascer. Chegou a estudar em escola particular, no Centro Educandário, com os professores Antônio Canilinha e o tão conhecido professor Assis. Fez o curso de admissão, como era chamado na época, curso que hoje conhecemos como ensino médio. A sua tendência musical foi surgindo com o tempo e logo procurou se aproximar de seu primeiro maestro e professor de música, o Tenente Naninho, onde com muita dificuldade financeira prestava serviço em troca do seu aprendizado. Mas como todo jovem curioso e ainda não satisfeito, resolveu ir embora para São Paulo com 19 anos, em 1948. Assim seguiu para a grande Capital por intermédio de um amigo que lá morava em uma pensão situada na Rua Tapajós, no Bairro Ponte Pequena, próxima a Estação da Luz, com poucos dias de sua chegada a essa pensão, também chegou um outro conterrâneo de nome Agenor Soares, se tornando seu companheiro de quarto e seu primeiro aluno, em seguida passaram a estudar no mesmo conservatório chamado de Conservatório de Música Vila Lobos onde sua mensalidade era patrocinada pela família Cavalcante, de Ubajara, na pessoa do Sr. Zé Cavalcante. João Benício chegou a formar sua própria orquestra, que se chamava Orquestra Benício. O grupo tocava em vários clubes, como: O MARCONDES, ITARIRI e VINTE E OITO. Chegou a se apresentar no Rio de Janeiro, fez diversos programas na TV RECORD, sendo assim bastante requisitado. Ele também formou um quinteto onde fazia os programas na Rádio Nacional somente aos domingos no horário das seis às oito da manhã com sucesso em audiência, tornado-se o mais conhecido e respeitado na área musical. Os ritmos mais executados da época era Rumba, Mambo, tcha-tcha-tcha, Tango,Bolero e Samba canção. Em 1955 arrumou seu primeiro emprego de carteira assinada em 7 de janeiro na Empresa VITRUM S.A. e saiu em 30 de maio de 1957. Em seguida, trabalhou na Indústria de Ampolas Esperança LTDA em 1 de junho de 1957 e saiu em 20 de Agosto de 1958, onde trabalhava de Auxiliar de Maquinista. Seguiu para a Companhia Paulista de Aniagens em 14 de maio de 1959 até 31 de julho de 1959. E assim passaram-se onze anos. Foi quando recebeu o seu tão sonhado Diploma de músico profissional, habilitado pela sua extraordinária capacidade de ler e escrever partituras. Mesmo sendo apto à tocar todo e qualquer tipo de instrumento musical, o Maestro João Benício tinha uma preferência particular e paixão pelos instrumentos de sopro saxofone e clarinete. E logo após a sua diplomação, no final do referido ano, regressou à cidade natal Ubajara, com 26 anos de idade. Agora finalmente titulado maestro, chega a casa de seus pais, onde a noticia logo se espalhou e causou grande rebuliço na cidade: onde todos queriam ver e ouvir João Benício tocar o som de seu instrumento que suava alto aos ouvidos de quem passava por perto. Nos meados de 1960 começa o namoro com Francisca Rodrigues de Sousa (Nenca) e exatamente 10 anos depois se casam e dessa união geram um casal de filhos Magnus Benicio e Magna Rodrigues. No ano de 1972 recebe um convite do Comandante da Polícia Militar do Piauí, Coronel Canuto, para fazer parte da Banda de Música e responsável em transcrever partituras para os demais instrumentos, com o cargo de Cabo assemelhado, levando a família para morar em Teresina. Somente com a morte de seu filho, e tendo recebido transferência para a cidade de Picos (não só para trabalhar como músico, mais também para exercer a profissão de policial), resolveu desertar e regressar novamente para Ubajara. Ao chegar, participou de várias bandas e orquestras: Benício e seu conjunto, Orquestra Santa Cecília (padroeira dos músicos), Orquestra Ritmos Internacionais e o cantor Wanderley. Bem como outras na cidade de Sobral, como: Orquestra do Dr. Amauri Barbosa e Banda, Os Panteras Bossa que pertencia ao presidente do Pálace Clube da cidade e dono de uma fábrica de chapéu, e em Fortaleza, trabalhou com Ivanildo e seu Conjunto. Ainda em Ubajara, ele passou pela Banda Ases do Planalto, na direção do Sr. Zequinha e quando saiu formou sua própria banda BQ Som em sociedade com o advogado Queiroz Pessoa, onde o mesmo, por motivos pessoais, resolve com passar do tempo, sair da sociedade e entregar sua parte ao maestro João Benício, que por sua vez muda novamente o nome da banda para Banda Tropical. Ao longo do tempo, a Prefeitura Municipal de Ubajara, na gestão do prefeito Salustiano Lima de Aguiar, convida o maestro para formar uma Banda Municipal com jovens, onde ele passou a ensinar aos interessados em uma sala perto da prefeitura e muitas vezes em sua própria residência.Sua maior preocupação era deixar esses jovens tocando e lendo partituras e somente quando almejou seu objetivo foi que se fixou como maestro assinando sua carteira em 01 de Dezembro de 1979 tendo a duração de 5 anos e 4 meses no dia 30 de Abril de 1985. Já na gestão do Prefeito Eudes Soares Cunha pede sua demissão pelo motivo de ter sido convidado para trabalhar em outra prefeitura, dessa vez na cidade de Coreaú como maestro regente e formando músicos, ficando por lá cerca de dois anos. Em 1988, em um festejo na cidade de Ubauna,tocando e maestrando a Banda Municipal de Coreaú, o mesmo começou a sentir fortes dores de cabeça durante o evento que o fez voltar a Ubajara e deixar de trabalhar devido sua enfermidade. Exatamente na data de 18 de Novembro do mesmo ano, em Fortaleza, foi detectado através de uma tomografia computadorizada a causa

Academia Ubajarense abre vagas para novos acadêmicos

Vagas abertas para a Academia Ubajarense de Letras e Artes

Por Monique Gomes A Academia Ubajarense de Letras e Artes convida a todos os interessados a concorrerem a uma vaga para ocupar uma das cadeiras da instituição. Se você é apaixonado pelas letras, artes e cultura, essa é a oportunidade para integrar um seleto grupo que tem como missão promover e disseminar o conhecimento e a criatividade na sociedade ubajarense. Leia os requisitos básicos para concorrer a uma vaga e clique na imagem abaixo para se inscrever até o dia 15 de julho de 2025. LER ESTATUTO REQUISITOS PARA CONCORRER A VAGA Para concorrer ao preenchimento de cadeira vaga na Academia de Letras e Artes de Ubajara – AULA o candidato deverá preencher, simultaneamente, os seguintes requisitos: I – ter obra original, publicada ou não, ou ter participado de publicações com trabalhos de significativo valor literário, cultural, científico ou religioso; II – ter reputação ilibada; III – manter residência habitual ou vínculo reconhecido com o município de Ubajara. DIREITOS E DEVERES DOS ASSOCIADOS Art. 9º do Regimento Interno da Academia Ubajarense de Letras e Artes – São DIREITOS do associado fundador e do associado efetivo: I – votar e ser votado, nas eleições da Diretoria; II – votar nas eleições para preenchimento de cadeira vaga nos quadros da Academia Ubajarense de Letras e Artes – AULA; III – participar das assembleias gerais, das sessões solenes e das reuniões ordinárias e extraordinárias, nas quais poderá se manifestar, formular propostas e tomar parte nas discussões e decisões; IV – publicar, em veículos de comunicação da Academia Ubajarense de Letras e Artes – AULA, trabalhos de sua Autoria, de cunho literário, artístico, gramatical, científico, religioso ou cultural; V – exigir da Diretoria e dos demais membros da Academia Ubajarense de Letras e Artes – AULA obediência ao Estatuto e ao Regimento Interno. Parágrafo 1° – Os associados honorários e os associados correspondentes têm direito de participar das assembleias gerais, sessões solenes, reuniões ordinárias e extraordinárias, nas quais poderão externar suas opiniões, mas sem direito de tomar parte nas votações e decisões. Parágrafo 2° – os benefícios de que trata o inciso IV deste artigo são extensivos aos associados correspondentes, observada a disponibilidade de recursos, segundo critérios definidos pela diretoria. Art. 10 – Extinguem-se os direitos do associado: I – pela renúncia expressa à sua condição de associados; II – pelo falecimento; III – pela sua exclusão do quadro de associados, nos casos previstos neste Estatuto. Art. 11 – São DEVERES dos associados fundadores e efetivos: I – comparecer às assembleias gerais, sessões solenes, reuniões ordinárias e extraordinárias; II – cumprir e fazer cumprir o Estatuto, o Regimento Interno e demais resoluções aprovadas pela Assembleia Geral e pela Diretoria; III – participar ativamente das atividades literárias, culturais e artísticas programadas e realizadas pela Academia Ubajarense de Letras e Artes – AULA; IV – desempenhar cargo na Diretoria, quando eleito para exercê-lo; V – representar a Academia em eventos culturais e literários, quando designado pelo Presidente ou pela Diretoria; VI – pagar, quando do ingresso na Academia, joia correspondente ao valor de um mês da contribuição social que houver sido estabelecida pela Assembleia Geral; VII – pagar, mensalmente, a contribuição estipulada anualmente pela Assembleia Geral (Observação: a taxa mensal é de 30,00 (trinta reais).

Encontro Marcado

Melissa Vasconcelos tece comentários acerca do filme Encontro Marcado

Por Melissa Vasconcelos “Encontro Marcado” é um filme de 1998 que narra a história de como a morte se apaixonou pela vida. Similarmente às paixões humanas, a paixão que a morte sentiu pela vida começou pela vontade de conhecer. Então, com seu poder espiritual de levar as pessoas ao outro plano em sua devida hora, a morte tomou-se do corpo de um jovem adulto que morreu após conhecer o amor da sua vida, e resolveu experimentar a sensação de estar viva. Logicamente, o interesse da morte não era só por experimentar a vida, mas de continuar seu trabalho de subtrair outras vidas, cada uma em sua hora exata. Uma das vidas que chegas a sua hora de partida era o pai da mulher pelo qual a morte, no corpo do homem apaixonado, também se apaixonaria. Nesse sentido, o filme se envereda por caminhos tragicômicos, onde, ao mesmo tempo que a morte, pouco a pouco, se apaixona, em corpo de homem, por uma mulher, e desfruta dos prazeres do corpo, sejam sexuais ou os que despertam os sentidos, a exemplo do paladar, que é acendido na cena em que a morte experimenta, pela primeira vez, o gosto da pasta de amendoim estadunidense, também está no plano terrestre para cumprir a continuidade de seu trabalho: bater o último ponto da vida. Durante o filme, que tem duração de três deliciosas horas, a morte quase desiste de ser morte e se rende ao prazer da vida. A morte aprende a amar. A morte aprende sobre o cinismo de esconder as obscuridades do globo social, o que podemos ver nos instantes em que a morte oculta a verdadeira identidade de sua amada. A morte aprende a satisfação de experimentar dos cinco sentidos humanos. A morte aprende a ter compaixão, em suas visitas ao hospital para visitar a vida da médica que lhe encantou e ao enxergar o leito de vida de suas próximas vítimas. A propósito, uma das vítimas da morte a reconhece no primeiro instante, por sua ligação com religiões de matrizes africanas. “Egum, é você?” Questiona a paciente enferma ao ver a morte em corpo de homem, caído aos encantos da médica, mas ainda sendo quem ele é, a morte. E quando digo que a morte quase desiste de ser a morte, é porque, além da paixão, aprendeu a amar. Inclusive, amou o senhor a qual veio destinada a finalizar a jornada de vida terrestre, o pai da médica. Senhor esse que o ensinou muitas lições sobre a vida e sobre o que há de mais importante, sobre o principal sentido que motiva os dias, que é o amor, o amar e ser amado. O quase falecido viveu dias e dias com a morte debaixo de seu teto, por pouco, destruindo seu status profissional de empresário e presidente da empresa, sendo, a princípio, sarcástico e frívolo para com a vida do idoso, e, como se não bastasse agir como sangue-suga de toda a sua vida, estava “sarrando a sua filha”. O destino é irônico! Todo o cenário se revirou contra a morte, que de sarrando a filha do espírito que iria levar, evoluiu para amando a filha, amando o pai que iria matar, mando os sabores e libidos do corpo humano. Ao fim, a morte já não queria mais matar o pai da mulher por quem se apaixonou, arrependeu-se de ter levado a vida do homem a quem pertencia o corpo que se apossou, e, para alimentar seu espírito padronizado de egoísmo, pelo amor que sentia pela médica, convenceu-se de que o melhor a se fazer seria matá-la e transformá-la em espírito que pudesse viver a infinitude ao seu lado. Tolice! A médica tinha pai, por quem era muito amada. E esse pai não deixou que a morte assim o fizesse. O pai reconheceu que a morte, em sua oportunidade de vida, havia se tornado um bom homem, mas que estava confundindo os limites entre a paixão e o amor: a paixão sufoca, prende, e por essa razão, é fugaz e perde o jogo. O amor vem depois, mais amadurecido. Não prende, não sufoca e deixa ir, na certeza de que nada se tem, além do amor. Sentimentos e pessoas não são compráveis, não são coisas que se pode portar e levar no bolso. Assim, o pai da morte a fez refletir sobre o amor. E a morte, percebendo o quão boa era a vida e o tanto de tempo que sua amada ainda teria para ser feliz, abriu mão de amá-la sem vida, e devolveu a vida do rapaz que tinha subtraído ao outro plano precocemente. Um gesto de amor! Devolver a vida do amor da sua vida – apesar de não ter aberto mão de não levar o outro grande amor da vida da médica, que seria seu pai. Só que o pai da médica, diferentemente do seu companheiro, já tinha um encontro marcado com a morte, como todos nós temos os nossos e não sabemos quando será. Enquanto não soubermos o dia, e nem tivermos a visita da morte anunciando o nosso fim terreno, que cuidemos de construir, amar e não perdermos tempo. Até a morte quis sentir o gosto da vida. Não percamos tempo. Não percamos o tempo de amar. Não deixemos que o amor nos escape. Cuidemos das nossas.

Acadêmicas vão ao cinema para ver filme brasileiro

Acadêmicas vão ao cinema ver filme brasileiro

Por Monique Gomes As acadêmicas Teresinha Moura, Melissa Vasconcelos e Monique Gomes se reuniram no Cine Ibiapaba na noite de 26 de março para testemunhar mais um filme brasileiro de sucesso: Vitória, cuja protagonista é ninguém mais, ninguém menos, que Fernanda Montenegro. Com direção de Andrucha Waddington, Vitória conta a história de Dona Nina, personagem inspirada em Joana da Paz. Aos 95 anos, Fernanda Montenegro entrega uma atuação emocionante, dando vida à idosa que desafiou o crime organizado no Rio de Janeiro. O roteiro, assinado por Paula Fiúza, é baseado no livro Dona Vitória da Paz, de Fábio Gusmão, o mesmo jornalista que ajudou a tornar a história de Joana conhecida. O longa foi produzido pela Conspiração e teve suas filmagens iniciadas em 2022. O impacto da história de Joana foi tão grande que, em agosto de 2024, ela recebeu postumamente o Prêmio Construtor da Paz da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), um reconhecimento merecido por sua coragem e contribuição à sociedade. Quem é Joana da Paz, cujo pseudônimo é Vitória? Imagine uma senhora de 80 anos que mora sozinha em um apartamento no Rio de Janeiro, convivendo diariamente com a violência e o crime organizado acontecendo bem ali, diante de seus olhos. Mas, em vez de apenas observar e sentir medo, ela decide agir. Esse é o ponto de partida da história de Joana Zeferino da Paz, a mulher que inspirou o filme. Dona Joana morava na Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, e, inconformada com o aumento da violência em sua comunidade, começou a registrar tudo com uma câmera caseira. Traficantes, policiais corruptos, trocas de tiros… tudo foi documentado por ela. Mas, ao levar as provas para a polícia, sua história foi inicialmente ignorada. Isso mudou quando o policial Aurílio Nascimento percebeu a importância do material e a conectou ao jornalista Fábio Gusmão, que levou a história ao grande público. Com suas gravações, Joana ajudou a desmascarar uma quadrilha de traficantes e policiais corruptos, resultando na prisão de cerca de 30 pessoas. Mas seu ato de coragem teve um preço: ela precisou entrar no Programa de Proteção à Testemunha e mudar de identidade, passando a ser chamada de “Vitória”. Durante anos, o verdadeiro nome de dona Joana permaneceu em segredo, sendo revelado apenas em 2023, após seu falecimento. Sua luta foi reconhecida nacional e internacionalmente, tornando-a um símbolo de resistência e coragem cidadã. Vitória é um filme que vai além do entretenimento; é um tributo a uma mulher que, com uma simples câmera, enfrentou um sistema corrupto e fez história.

Academia Ubajarense planeja calendário de eventos

Academia Ubajarense planeja calendário de eventos

Por Monique Gomes No dia 15 de março de 2025, às 14 horas, membros da Academia Ubajarense de Letras e Artes reuniram-se no Hotel Fazenda Engenho Velho, em Ubajara, para discutir os rumos da instituição e celebrar conquistas recentes. Durante o encontro, os acadêmicos comemoraram o lançamento do livro Gruta do Ceará, um conto indígena assinado pelo acadêmico Henrique Moreira. A obra reforça o compromisso com a valorização da cultura e da literatura. Logo após, Ronildo Nascimento, secretário da Academia, procedeu com a leitura da última ata, permitindo que todos os presentes ficassem a par dos acontecimentos e decisões anteriores. Em seguida, a tesoureira Teresinha Moura apresentou uma proposta para o ajuste financeiro da Academia, que foi aprovada por unanimidade. Outro ponto de destaque foi a intervenção de Joaquim Aristides, doador do terreno onde será construída a sede da Academia. Ele ressaltou a importância de demarcar formalmente o imóvel, uma medida que, segundo ele, contribuirá para a consolidação e valorização do espaço destinado às atividades culturais. Além dessas pautas, o presidente da Academia, Nicolas Aguiar, apresentou o calendário de eventos para os próximos meses, reajustado conforme as demandas dos membros. Entre as iniciativas, estão: Por fim, o grupo também abordou estratégias para a aquisição de novos membros e o planejamento da nova cerimônia de posse, que acontecerá em agosto – mês de aniversário da cidade. Com esse movimento, a Academia incentiva a participação de novos talentos e o fortalecimento da cena cultural regional.

21 anos em um dia

Artigo de Melissa Vasconcelos para a revista da Academia Ubajarense de Letras e Artes

Por Melissa Vasconcelos Na noite do dia 02 de março de 2025, a população brasileira abre o champanhe para receber o reconhecimento de milhares de degraus sobrepostos à construção da cultura brasileira. “Tem maçã, laranja e figo, banana, quem não comeu? Manga não, manga é o perigo, quem provou quase morreu”. Ora, Juca Chaves! Não haveria trilha sonora mais oportuna para discorrer acerca da premiação do Oscar da noite do domingo passado. Para assistir à premiação, preparei a receita do suflê de queijo do livro de receitas da Eunice Paiva, em meio ao clima chuvoso da serra e aos ânimos carnavalescos de Ubajara à flor da pele. Se bem que, na minha cútis, o espírito de bloco e avanços do carnaval não pulsou muito bem esse ano. Porém, para o dia do Oscar, fazendo sol ou chuva, estando eu doce ou agridoce, deleitei-me a me concentrar em meu bom humor, pois não é sempre que se vê uma múltipla premiação – Cinema, História, Literatura, Direito – em uma só estatueta para a Arte Brasileira. A receita do suflê de queijo foi retirada do próprio livro “Ainda Estou Aqui” , que originou o filme de igual nome. Logo pronto, servi-me com o suflê quentinho, para que não murchasse. A preparação do suflê foi um afago ao meu peito, como o restante do meu dia 02 de março assim esteve em suas horas anteriores – pela manhã, recebi uma bolsa que minha madrinha de batismo comprou de presente para meus trabalhos e estudos, e ganhei uma linda blusa verde de crochê de minha madrinha de crisma. Os presentes, sejam de coisas ou de pessoas, precisam ser postos à mesa ao saírem de seus fornos, tal qual ao suflê de queijo, para que não murche. Todo amor, se não servido quente, murcha. O amor é como um suflê de queijo, fogoso e saudoso, bem servido para um dia de chuva. A você que lê, quando ganhares um suflê de queijo, não se demore a degustá-lo, para que não perca a chance de sentir a maciez de uma deglutição sem atrasos, de um paladar sem jogos. Não oportunamente, a celebração do Oscar caiu no domingo de carnaval, o período do ano mais comemorado pelos brasileiros em suas diferentes facetas e formas de articulação. Dessa vez, estendeu-se às vantagens para festejar a Cultura Brasileira, a Literatura Brasileira, a formação política, a História, os Direitos do nosso torrão: Marcelo Rubens Paiva, filho da advogada de Direitos Humanos Eunice Paiva e do deputado federal Rubens Paiva, escreveu geniosamente a obra “Ainda Estou Aqui”, celebrada pelo prêmio Jabuti de Literatura em 2016, na âncora do mundo das Letras, e, agora, quase dez anos depois, adaptado para abrir luz aos olhos e música aos ouvidos – atentos e desatentos – da população brasileira e internacional, em sua adaptação cinematográfica dirigida por Walter Salles de mesmo nome “Ainda Estou Aqui”, com sua resplandecente premiação no Oscar. Entre os anos de 1964 a 1985, parava a sociedade brasileira e se amortecem os juízos e os letrados para o abate dos corpos, o derrame de sangue, as bocas silenciadas, as famílias destruídas e as vidas subtraídas em favor de um regime sanguessuga. Não se abatiam somente as vidas dos deputados federais, defensores, escritores, médicos, músicos: retiravam-se as vidas dos filhos, dos pais, dos irmãos, do alicerce de famílias inteiras. Quando Marcelo Rubens Paiva perdeu seu pai para a repressão ditatorial, tinha apenas 11 anos ao ver, em 1971, a vida de seu pai sendo reduzida como se subtrai de um número de uma conta de matemática, sem retorno de notícias, sem documentações; ao ver sua mãe em luta, tomando as rédeas de uma família de cinco filhos, perdendo o seu grande amor e companheiro em meio a enxurrada de sangue jorrado nos asfaltos da sociedade brasileira, à época. Com certeza, a raiz da veia literária de Marcelo Rubens Paiva nasce da sensibilidade em meio a brutalidade – a manifestação artística de Marcelo por meio da escrita assemelha-se à floração do Mandacaru, sobrevivendo às secas em virtude da capacidade de reter água. As palavras de Rubens Paiva nasceram de socos no estômago, como se resgata da literatura lispectoriana, e de tantos socos e ferros ornamentados ao percorrer da estrada, transborda-se a retenção de palavras em arte resistente, em livro. A sensibilidade provém das rudezas, e a brutalidade provém da ausência de sensibilidade. Por isso, toda a arte costuma desaguar das faltas, e toda a seca costuma advir dos excessos. A quem mais falta, mais nascem mais frutos, ainda que estes demorem a frutificar. Admiramos hoje punho de um escritor que denuncia, por meio de sua brutal sensibilidade e de sua sensibilidade brutal, o rasgo de inúmeras famílias destruídas, o grito sufocado de sua mãe, a dor de cinco filhos em desespero e desamparo. Celebramos a força do cinema e da autenticidade brasileira, e mais do que nunca, lembramos da nossa história como primeiro suplente do juízo. O Oscar de melhor filme internacional para “Ainda Estou Aqui” é de Marcelo Rubens, de Eunice Paiva, de Walter Salles, de Fernanda Montenegro, de Fernanda Torres, de Selton Mello, é Nosso; sobre as nossas lutas, os nossos Direitos, as nossas conquistas, a nossa história, o nosso jeito de escrever, o nosso jeito de atuar, a nossa cultura plural: é para nos lembrar que ainda estamos aqui – não aos prantos, mas sorrindo, como símbolo de força, embate e resistência. Fomos para a bancada de jurados do Oscar o que um suflê de queijo quentinho é para os cinco sentidos dos corpos e um amor sem jogos é para o coração.